O problema com fórmulas clássicas é que, às vezes, elas vêm com data de validade e cheiro de naftalina. “The Alto Knights – Máfia e Poder” tenta ressuscitar o bom e velho filme de máfia, com uma embalagem lustrosa, mas sem grandes surpresas dentro. A história coloca Frank Costello e Vito Genovese, ambos interpretados por Robert De Niro, no centro de uma disputa quase shakespeariana pelo submundo nova-iorquino. Rivais, mas antigos amigos, a dupla representa dois lados do mesmo dólar furado: um homem tentando manter-se benevolente dentro do crime, o outro tão volátil quanto um galão de gasolina. O problema é que não importa quantas armas estejam em cena, o perigo parece sempre menor do que a idade do elenco.
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Sim, é o De Niro fazendo o De Niro, dobrado. Aquelas pausas dramáticas, aquele murmúrio arrastado, o eterno “Eu sei o que tenho que fazer…” acompanhado do beicinho tradicional, e um sotaque que parece ter saído de um VHS dos anos 80. Há talento, claro, mas também há certo constrangimento: quando um filme de máfia soa mais como reunião geriátrica com direito a pedidos de assassinato, você se pergunta onde exatamente as coisas desandaram. O mafioso octogenário é quase um subgênero próprio aqui, e há momentos em que você espera que um cuidador apareça para oferecer uma água ou verificar a pressão arterial após alguma execução mal planejada.
A decisão de colocar De Niro interpretando os dois personagens tem, no papel, um charme simbólico, dois lados da mesma moeda, uma amizade que apodreceu com o tempo, blá blá blá, mas o filme nunca se dá ao trabalho de nos fazer sentir esse vínculo. O espectador é informado sobre a amizade deles, mas não vê, não acredita, não compra a ideia. Fica no discurso, sem substância.
Por outro lado, o roteiro ganha pontos quando decide focar menos no sentimentalismo mofado e mais no jogo bruto de poder. É interessante observar como pequenos ressentimentos, egos inflamados e decisões mal comunicadas pavimentam o declínio de um império criminoso. A máfia não caiu por uma bala perdida, mas porque dois velhos amigos deixaram de conversar e começaram a agir como dois pavões em briga territorial.
O filme ainda reserva alguns momentos memoráveis: uma sequência com um testemunho tenso, um voo de pardais que é puro simbolismo calculado, e cenas involuntariamente hilárias como mafiosos enrugados tropeçando na lama. Algumas falas salvam o conjunto da mediocridade, como o brilhante “O cara nasceu em um vulcão. Como você ensina um cara que nasceu em um vulcão a ser cuidadoso?”. Pena que o restante do elenco parece tão sem vida quanto figurantes de fundo, até mesmo os convidados especiais vindos diretamente de “The Sopranos” somem no meio do marasmo.
No fim, “The Alto Knights” tem seu charme, mas é daqueles filmes que, ao terminar, não deixam vontade de reassistir ou discutir. Funciona como um bom passatempo, com alguns lampejos de qualidade, mas logo se desfaz como fumaça de charuto em bar esfumaçado. Agradável? Sim. Essencial? Definitivamente, não.
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