Oito anos separam “Night Life” (2025) de seu antecessor, “V” (2017), marcando um hiato considerável para uma banda acostumada a transitar entre camadas densas de pós-punk, shoegaze e eletrônica soturna. Nesse intervalo, The Horrors mantiveram sua relevância com os EPs “Lout” e “Against the Blade”, ambos lançados em 2021, onde já deixavam pistas de uma guinada mais abrasiva e industrial. “Night Life”, contudo, parece tentar unir todas as fases do grupo, mas sem a mesma coesão vista em trabalhos anteriores.
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É possível perceber uma produção cuidadosamente elaborada. A mixagem privilegia texturas densas, camadas sobrepostas e sintetizadores barulhentos que soam como ecos de décadas passadas, do pós-punk britânico ao industrial contemporâneo. A abertura com “Ariel” entrega imediatamente essa proposta: uma parede de ruídos eletrônicos, guitarras dissonantes e vocais soterrados que remetem ao Ministry, mas com uma pitada synthpop pouco resolvida. A execução, no entanto, peca pela falta de direção clara. O excesso de elementos se acumula sem um fio condutor, tornando a faixa mais uma colagem sonora do que uma experiência imersiva.
Essa sensação perpassa boa parte do disco. “Lotus Eater”, que flerta com ambient e drones minimalistas, é um exemplo evidente. Seus mais de sete minutos poderiam construir uma narrativa envolvente, mas acabam girando em torno dos mesmos ciclos sem desenvolvimento. O resultado é um arranjo estagnado, quase sem dinamismo, que falha em sustentar a tensão sugerida nos primeiros compassos.
“More Than Life” e “Trial By Fire” tentam equilibrar a fórmula, incorporando batidas mais lineares e refrões que ecoam a fase “Skying” (2011), quando o The Horrors investia em estruturas pop diluídas em shoegaze. Ainda assim, essas faixas também se perdem em arranjos excessivamente carregados, onde texturas se sobrepõem sem oferecer respiro. A melancolia permanece, mas falta o senso de progressão e contraste que marcavam suas produções passadas.
Talvez o maior mérito de “Night Life” esteja na engenharia de som. A produção esbanja competência, com graves profundos, sintetizadores analógicos encorpados e reverbs bem distribuídos, criando uma atmosfera sufocante, característica essencial do estilo gótico e pós-punk que o The Horrors sempre soube evocar. “The Silence That Remains” se destaca nesse sentido, trazendo um instrumental sombrio que remete à frieza de bandas como Bauhaus e The Cure, com camadas que se desdobram lentamente.
Entretanto, ao longo do disco, a ausência de foco estrutural prejudica a experiência. O álbum parece oscilar entre querer ser um manifesto sonoro experimental e um retorno às raízes darkwave, mas sem se comprometer totalmente com nenhuma das propostas. A falta de variação rítmica e lírica acaba tornando “Night Life” um trabalho cansativo, cuja densidade sonora não encontra equilíbrio com composição ou narrativa.
Se “V” e “Skying” mostravam uma banda capaz de se reinventar sem perder coesão, “Night Life” soa como um exercício estético vazio, onde forma se sobrepõe ao conteúdo. Há faixas que demonstram potencial isolado, mas o álbum como um todo carece de identidade própria, soando mais como uma colagem de influências do que uma declaração sólida.
Nota final: 78/100
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