Crítica: “The Last Showgirl”

Há algo fascinante em acompanhar “The Last Showgirl”, um desses filmes que parecem surgir na hora certa. A narrativa acompanha Shelley, uma dançarina que, após três décadas nos palcos, encara o fim de sua carreira e as incertezas do que vem a seguir. Pamela Anderson, que interpreta a protagonista, tem conquistado reconhecimento em importantes premiações de 2024 e 2025 por sua atuação devastadora e profundamente conectada com sua própria trajetória de vida.

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Crítica: "The Last Show Girl"
Crítica: “The Last Show Girl”

Gia Coppola, que dirige o filme, constrói uma história sobre o peso das escolhas e a dificuldade de se reinventar. Shelley não sabe quem é sem a dança. Cada gesto, cada movimento seu parece carregado de memória e resistência, como se, ao mover o corpo, ela tentasse adiar a inevitável despedida. Pamela Anderson traduz essa angústia com uma força que surpreende e emociona, trazendo uma atuação que parece ser a culminação de sua própria experiência como figura pública muitas vezes subestimada.

Um dos grandes trunfos do filme está na forma como Coppola constrói a relação entre Shelley e sua filha. Por anos, a protagonista colocou os palcos acima da maternidade, deixando para trás um vínculo que hoje é marcado por ressentimentos e distância. Essas feridas familiares são exploradas com precisão e sem simplificações, criando momentos de tensão emocional genuína.

Dave Bautista também tem uma participação impactante. Seu personagem funciona quase como um visão amplificada do peso que recai sobre Shelley e de como as pressões sociais frequentemente operam em sentidos opostos para homens e mulheres. O contraste entre a crueza de suas palavras e a fragilidade de Shelley reforça a disparidade das expectativas impostas pela sociedade.

Além das relações interpessoais, o filme se destaca pela abordagem sobre o envelhecimento no meio artístico. “The Last Showgirl” não trata a idade de Shelley como um fim, mas como uma transição dolorosa e cruel, refletindo a realidade da indústria. O brilho dos palcos, capturado pela direção de arte, contrasta com a solidão dos bastidores, criando um equilíbrio entre a glória e a vulnerabilidade da protagonista.

Pamela Anderson encontra em Shelley um papel que transcende a ficção, há algo que beira o poético em como ela encarna os medos, as esperanças e as perdas de sua personagem. É impossível ignorar a conexão entre a Shelley da ficção e a Pamela da vida real, ambas marcadas por julgamentos, superação e uma luta constante por espaço e reconhecimento.

O desfecho do filme é simples e direto, mas longe de ser vazio. Shelley encara o futuro com resignação e coragem, em um encerramento que dispensa grandes atos para ser memorável. Essa escolha reflete a proposta do filme: a vida, muitas vezes, é feita de momentos discretos, mas não menos significativos.

“The Last Showgirl” é um filme sobre resistência, sobre encontrar beleza mesmo em meio à perda e sobre aceitar que o fim de uma etapa pode ser o início de outra. Pamela Anderson redefine sua carreira em um papel que já está marcado como um dos mais importantes da temporada.

Avaliação: 5 de 5.

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