A premissa é poderosa. Um conto de vingança que cruza samurais com clima de western inglês, ambientado no fim do século XVIII. O cenário tem tudo para engatilhar uma obra vigorosa, mas “Tornado” se mostra um filme de intenções mais interessantes do que de realizações concretas.
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Há uma beleza estética que impressiona desde os primeiros quadros, principalmente quando a câmera abandona qualquer tentativa de lógica espacial para abraçar o olhar subjetivo de sua protagonista. A paisagem úmida e montanhosa das Ilhas Britânicas vira quase um personagem, mas também um labirinto. No entanto, o que começa como uma escolha visual promissora se torna um vício de repetição. A narrativa se afunda na própria ideia de movimento, mas não encontra peso dramático para justificar tanto deslocamento.
É como se o filme corresse o tempo todo sem saber exatamente de quem está fugindo. A protagonista, apesar da fisicalidade impressionante, não tem contorno dramático suficiente para carregar o arco que lhe é proposto. A falta de construção emocional fragiliza até mesmo os momentos em que o filme se aproxima de uma resolução. Tudo parece funcionar melhor em teoria. O gesto de revolta, o trauma familiar, a raiva canalizada para a sobrevivência: são camadas que ficam na superfície.
O som, por sua vez, oscila entre o sensorial e o impreciso. Em alguns momentos, a trilha é o que mais amarra a experiência. Em outros, a mixagem pouco cuidadosa engole diálogos e corta a conexão que o espectador tenta manter com a história. É frustrante perceber que os aspectos técnicos do filme competem entre si em vez de se somar. O tempo curto também joga contra. Há cortes bruscos, motivações apressadas, personagens que surgem e desaparecem sem que se entenda por que estavam ali.
“Tornado” tem conceito, mas carece de consistência. Seu formato enxuto grita por um roteiro mais sólido, e a ambição estilística, embora admirável, parece não confiar o suficiente na força de seus próprios personagens. O resultado é um filme que impressiona em ideias visuais, mas perde o pulso emocional à medida que se arrasta.
Falta densidade para tornar a experiência verdadeiramente inesquecível. Há cenas que funcionam isoladamente, mas que não constroem um todo. O filme parece sempre à beira de encontrar sua grande cena, seu momento catártico, sua síntese emocional. Mas isso nunca acontece de fato.
No fim, fica a sensação de que a ilha prometida é visual, mas a tempestade emocional nunca chega.
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