É sempre um risco transformar um documentário angustiante em uma ficção de suspense, mas “Último Suspiro” faz essa transição com uma mistura questionável de ousadia e previsibilidade. Dirigido por Alex Parkinson, que curiosamente também esteve à frente do documentário original de 2019, o filme tenta mergulhar em um suspense claustrofóbico, mas acaba se debatendo em águas rasas quando o assunto é desenvolvimento emocional e narrativo.
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Parkinson, com seu histórico documental, claramente entende como capturar a tensão de um desastre real. A cinematografia é visualmente impactante: as cenas subaquáticas, ainda que excessivamente granuladas e escuras, evocam a sensação sufocante de estar a metros de profundidade sem possibilidade de fuga. Mas a direção, em sua tentativa de dramatizar a realidade, às vezes beira o exagero. E não daquele tipo que prende a atenção, mais como um reality show com altos e baixos roteirizados.
A trilha sonora, composta por partituras assombrosas e sintetizadores atmosféricos, faz seu trabalho com eficiência. Ela conduz a narrativa com uma dose extra de adrenalina, mesmo quando o roteiro vacila. Mas, sejamos honestos, a música sozinha não consegue salvar a produção de seus tropeços estruturais.
Woody Harrelson, Simu Liu e Finn Cole fazem o que podem com um material que não os favorece. Harrelson entrega uma presença forte e emocionalmente carregada, mas o filme pouco oferece para expandir a complexidade de seu personagem. Simu Liu, embora talentoso, é limitado por um roteiro que o reduz a um papel unidimensional. E Finn Cole parece perpetuamente preso no mesmo ciclo de expressões de pânico e desespero.
A falta de desenvolvimento de personagens é gritante. O filme parece tão focado em recriar o evento real que esquece de tornar seus protagonistas minimamente interessantes. Quando um thriller de sobrevivência falha em fazer o público se importar com quem está lutando para viver, algo está evidentemente errado.
Os primeiros 30 minutos são promissores. A pressão crescente e a claustrofobia são palpáveis, mas conforme a história avança, o filme se perde. A narrativa tenta equilibrar a tensão com flashbacks e discussões pseudo-filosóficas, mas esses momentos soam como distrações desnecessárias.
E o final? Sem spoilers, mas digamos que qualquer tentativa de reviravolta é telegrafada de longe. A previsibilidade está tão evidente que até um mergulhador novato veria a falha antes de submergir.
Se há algo que realmente merece elogios, é a construção da atmosfera. A direção de fotografia acerta ao transformar o oceano em um antagonista implacável. O uso de luz e sombra é eficaz e o som subaquático é visceral, criando uma tensão tangível. A mistura entre cenas gravadas em tanques e CGI é convincente o suficiente para fazer o espectador sentir a imensidão do abismo.
“Último Suspiro” não é um completo desastre, mas também está longe de ser uma inspiração. Para quem busca um thriller de sobrevivência que ao menos entretenha por uma hora e meia, pode valer a pena. Mas para aqueles que esperam uma narrativa profunda e personagens memoráveis, o filme é como um tanque de oxigênio vazio: falta o essencial para sobreviver.
Talvez a verdadeira história contada no documentário original ofereça a dose de humanidade que este remake perdeu ao tentar brilhar nos holofotes de Hollywood. E, honestamente, com tanto potencial desperdiçado, fica a pergunta: até que ponto uma história real precisa ser espetacularizada para ser ouvida?
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