Crítica: “Um Completo Desconhecido” (A Complete Unknown)

“Um Completo Desconhecido”, dirigido por James Mangold, chega aos cinemas brasileiros em fevereiro de 2025. Com uma abordagem focada em apenas quatro anos fundamentais da vida de Bob Dylan, o filme se diferencia das cinebiografias tradicionais ao explorar momentos transformadores na trajetória do artista. A narrativa começa em 1961, com Dylan, então com 19 anos, chegando a Nova York para conhecer seu ídolo, Woody Guthrie, já debilitado. O filme reflete a transição do jovem cantor folk de Minnesota para o status de ícone cultural global, resultando em sua controversa performance no Festival de Newport em 1965.

Crítica: “Um Completo Desconhecido” (A Complete Unknown)

A performance de Timothée Chalamet como Dylan é um dos pilares centrais do filme. Sua entrega vocal cantando e tocando violão sem recorrer à dublagem adiciona autenticidade e eleva o nível de imersão. Mangold inteligentemente usa planos amplos para destacar essa habilidade, tornando evidente que é o próprio Chalamet conduzindo as cenas musicais. A maneira como ele captura os maneirismos e a voz de Dylan é impressionante, aproximando-se de uma recriação quase hipnótica do músico.

Monica Barbaro, como Joan Baez, também se destaca. Sua performance é ao mesmo tempo sutil e impactante, traduzindo com precisão o magnetismo da artista folk e a complexidade de seu relacionamento com Dylan. Cada cena compartilhada pelos dois personagens carrega uma carga emocional latente, reflexo de uma química bem trabalhada entre os atores. Edward Norton, como Pete Seeger, oferece uma interpretação que equilibra autoridade e vulnerabilidade, enquanto Scoot McNairy entrega um Woody Guthrie inesquecível, transmitindo profundidade mesmo sem diálogos.

No entanto, nem todas as escolhas do filme são igualmente eficazes. Boyd Holbrook, como Johnny Cash, não atinge o impacto necessário, parecendo mais uma reprodução superficial do que uma interpretação robusta. Para um diretor que comandou o excepcional “Johnny e June”, é no mínimo curioso que Mangold não tenha buscado um ator mais convincente ou, talvez, trazido Joaquin Phoenix de volta ao papel de Cash.

A cinematografia captura com precisão o clima intimista e boêmio da cena folk de Nova York, enquanto o design de produção reconstrói os ambientes de maneira autêntica. A trilha sonora, como esperado, é um dos pontos altos, com as performances musicais capturando a essência das composições de Dylan e do folk dos anos 60. Ainda assim, o ritmo narrativo deixa a desejar. Os 141 minutos do filme são perceptíveis, especialmente no segundo ato, que se arrasta com cenas que, embora bem executadas, acabam redundantes.

Por fim, o roteiro, coescrito por Mangold e Jay Cocks, acerta ao transmitir o mistério e a complexidade de Dylan, mas peca por ser excessivamente convencional em alguns momentos. A linearidade da narrativa limita a profundidade de um artista cuja obra e vida são marcadas pela ambiguidade e pelo constante rompimento de expectativas.”Um Completo Desconhecido” é uma cinebiografia sólida, especialmente para fãs de Bob Dylan e do folk dos anos 60. Apesar de ser tecnicamente impecável e apresentar atuações memoráveis, o filme não atinge a excelência narrativa que se esperava de Mangold. Para os admiradores do gênero, no entanto, há muito a ser apreciado, especialmente na interpretação de Timothée Chalamet.

Avaliação: 3.5 de 5.

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