A comédia “Uma Advogada Brilhante” tenta equilibrar humor e crítica social em uma história que se apoia no talento cômico de Leandro Hassum, mas que esbarra em clichês e uma execução inconsistente. O filme acompanha Michelle (Leandro Hassum), um advogado que, após perder o emprego em uma grande fusão empresarial, se vê obrigado a adotar uma identidade feminina para continuar trabalhando e sustentar seu filho. A trama utiliza essa premissa para explorar situações de humor e confusão, mas também busca levantar questionamentos sobre gênero, desigualdade no mercado de trabalho e os desafios enfrentados por profissionais que precisam se adequar a padrões corporativos.
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A atuação de Hassum é, sem dúvidas, o grande trunfo da produção. Ele conduz o filme com sua presença carismática e timing cômico apurado, conseguindo extrair boas risadas mesmo de situações absurdas. No entanto, o roteiro é excessivamente dependente do protagonista, sem oferecer suporte para que outros personagens brilhem. Mesmo figuras recorrentes na trama carecem de desenvolvimento, tornando-se meros coadjuvantes unidimensionais dentro da narrativa.
A história, que poderia abordar com mais profundidade temas relevantes, opta por um caminho previsível e raso. O clichê do homem que se veste de mulher para conseguir vantagens já foi amplamente explorado no cinema e, sem uma reinterpretação criativa, resulta em piadas que nem sempre funcionam. Ainda que o filme se esforce para não cair em um humor problemático, algumas situações parecem ultrapassadas e pouco eficazes para o público atual.
Tecnicamente, a produção também apresenta fragilidades. A direção não se destaca e algumas escolhas de enquadramento são questionáveis, especialmente em momentos de humor físico, nos quais a edição deveria contribuir para o ritmo cômico e acaba comprometendo a fluidez das cenas. A cinematografia não traz nenhuma identidade visual marcante, o que torna o filme visualmente genérico e pouco memorável.
Em termos de humor, “Uma Advogada Brilhante” tem seus acertos. Algumas piadas funcionam bem, especialmente quando o texto se aproveita das situações inusitadas do disfarce do protagonista. No entanto, muitas gags são estendidas além do necessário ou se repetem, diluindo seu impacto ao longo da narrativa. O filme poderia se beneficiar de um ritmo mais dinâmico e um texto mais refinado para potencializar suas sequências mais inspiradas.
Embora apresente uma personagem trans recorrente e bem escrita, o filme não aprofunda suas reflexões sobre gênero e mercado de trabalho. A trama toca nesses temas, mas sem realmente desenvolvê-los de forma significativa, o que acaba deixando uma sensação de oportunidade perdida. A previsibilidade do enredo também é um ponto fraco: o desenrolar da história segue um caminho fácil de antecipar, sem grandes reviravoltas ou momentos que surpreendam o espectador.
No fim, “Uma Advogada Brilhante” é um filme que se sustenta basicamente no carisma de seu protagonista e na tentativa de resgatar a tradição das comédias de disfarce. Embora conte com algumas boas piadas e momentos engraçados, carece de um roteiro mais afiado, de um desenvolvimento melhor de seus temas e de uma direção que amplifique suas qualidades cômicas. É uma opção divertida para quem busca uma comédia descompromissada, mas longe de ser um exemplo de criatividade ou originalidade dentro do gênero.
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