A ascensão meteórica e a queda inevitável de uma influenciadora que enganou milhares de pessoas formam o centro de “Vinagre de Maçã“, uma minissérie dramática que disseca o universo do bem-estar digital e a credulidade do público diante de figuras carismáticas. Inspirada no caso real de Belle Gibson, a série acompanha a trajetória de uma jovem que constrói um império com base em uma mentira: a falsa cura de um câncer terminal através de métodos naturais.
Saiba o que chega aos cinemas em fevereiro de 2025

A personagem interpretada por Kaitlyn Dever é magnética. Belle não é apenas uma golpista comum, ela acredita no próprio mito que criou e usa essa convicção para envolver seguidores, editores e investidores. O roteiro costura essa ascensão com uma tensão constante, colocando o espectador diante do inevitável colapso da farsa. O público sabe desde o início que ela está mentindo, mas a maneira como a série conduz essa espiral de manipulação mantém o interesse até o último episódio.
A produção acerta ao captar a lógica sedutora da cultura do bem-estar digital. Influenciadores se apresentam como guias espirituais modernos, vendendo soluções simplificadas para problemas complexos. Belle se encaixa perfeitamente nesse molde: jovem, carismática e com uma história de superação emocionante. Seu sucesso inicial é um reflexo direto do apetite do público por narrativas de esperança – e da facilidade com que boatos pseudocientíficos se espalham quando embalados da forma correta.
A série também faz um excelente trabalho ao mostrar os danos colaterais da fraude. Em uma das tramas paralelas mais impactantes, vemos o caso de Milla, uma seguidora fiel que, ao contrário de Belle, enfrenta uma doença real. Sua recusa em buscar tratamento médico convencional, convencida pela promessa de cura alternativa, expõe as consequências mais sombrias desse tipo de engano.
Kaitlyn Dever entrega uma atuação afiada, alternando entre a fragilidade aparente da personagem e sua manipulação calculada. O elenco de apoio fortalece a narrativa, retratando jornalistas, ex-colaboradores e seguidores que começam a perceber as rachaduras na história que Belle construiu.
A série poderia ter sido mais concisa. Com seis episódios de cerca de uma hora, em alguns momentos a narrativa parece girar em círculos antes de avançar para o desfecho. O final, embora fiel aos eventos reais, pode frustrar quem espera uma catarse mais contundente. No entanto, “Vinagre de Maçã” compensa essas pequenas falhas com um estudo de personagem detalhado e uma crítica incisiva à forma como gurus do bem-estar exploram a fé alheia para benefício próprio.
Em um cenário onde desinformação e carisma são armas poderosas, a história de Belle Gibson serve como um alerta para a facilidade com que um rosto confiável pode manipular milhões. E a série nos lembra que, no fim das contas, toda mentira tem um prazo de validade.
Fique por dentro das novidades das maiores marcas do mundo! Acesse nosso site Marca Pop e descubra as tendências em primeira mão.