A estreia solo de Damiano David em São Paulo transformou o Tokio Marine Hall em um ponto de pura vibração. O cantor italiano, conhecido por ter liderado o Måneskin em sua ascensão meteórica, chegou ao palco na sexta-feira (7) com a postura de quem entende seu próprio tamanho, mas sem perder o charme de artista que ainda busca novos caminhos. A fila que se estendia pela rua já entregava que o público estava disposto a viver algo maior do que uma simples noite de rock.

Damiano lançou em 2025 seu primeiro álbum solo, “Funny Little Fears”, apresentado ao público em 16 de maio. A obra funciona como um mapa emocional, guiada por um pop alternativo que respira confissão, intensidade e vulnerabilidade. As faixas mergulham em temas como medo, perda e autodescoberta, revelando um artista interessado em profundidade e identidade. A “Funny Little Fears World Tour” teve início em setembro, em Varsóvia, e carrega no repertório singles como “Born With a Broken Heart”, “Next Summer”, “Zombie Lady”, “The First Time” e “Silverlines”, criando um espetáculo que expande o universo do álbum no palco.
Dentro da casa de shows, essa transição fica ainda mais evidente. A performance vocal de Damiano funciona como eixo central da noite, entregando potência, textura e alcance técnico com naturalidade. É essa habilidade que o desloca do rótulo de “frontman explosivo” e o aproxima de um artista que domina palco, narrativa e construção estética. O setlist reforça esse salto, com músicas que exploram nuances, mudanças de ritmo e uma entrega mais íntima.
Mesmo assim, sua força performática continua ali. A atitude que o público aprendeu a reconhecer no Måneskin emerge em cena, ainda que em nova moldura. Damiano não trouxe canções do repertório da banda, decisão que não passa despercebida pelo público, mas que se conecta à fase que ele vive. A escolha funciona como mensagem: o cantor busca abrir novas portas, consolidar identidade e se desprender do passado para construir uma marca própria como artista queer. A sensação é de que ele abre um novo capítulo, com segurança e autonomia.
Essa reinvenção se combina com carisma. Ele conversa com o público, brinca, provoca e se permite pequenas improvisações. Entre um “gostoso” e um palavrão tipicamente paulistano, arrisca português e cria momentos de cumplicidade com a plateia. É aquele tipo de comunicação direta que molda um show ao vivo e que entrega ao fã a sensação de proximidade.
O resultado é um espetáculo que se mantém dinâmico e caloroso do início ao fim. A recepção do público comprova o tamanho do interesse nessa nova fase: gritos, mãos erguidas, coro coletivo e uma presença que segue magnética, mesmo sem o aparato visual e sonoro de uma banda consolidada. Damiano se mantém intenso, expressivo e com o famoso “fator x” que sempre o destacou no cenário internacional.
A turnê solo passa por cinco continentes e soma 31 apresentações, sinal de que essa nova etapa não é um passo experimental, e sim um movimento calculado. O show em São Paulo confirma isso. Enquanto explora novas sonoridades, Damiano fortalece sua imagem como artista múltiplo, dono de conceito, presença e voz que atravessam o espaço com firmeza. Uma estreia que deixa claro: a fase solo acaba de começar, e já encontra terreno fértil para florescer diante do público brasileiro.
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