Em uma noite especial no Allianz Parque, Eric Clapton, um dos maiores guitarristas da história, fez seu tão aguardado retorno ao Brasil. Longe dos palcos brasileiros por mais de uma década, Clapton trouxe para São Paulo a turnê mundial que celebra seus 60 anos de carreira, uma trajetória marcada por revoluções musicais e pela consolidação de sua figura como um dos pilares do rock e do blues.
O show do dia 29 de setembro, envolto em expectativa, superou o imaginado, com Clapton mostrando que, mesmo após tantas décadas, sua relevância continua inabalável.
Eric Clapton é um virtuose e um contador de histórias através de acordes. Sua carreira, que se entrelaça com a evolução do rock e do blues, passou por lendárias bandas como Cream e Derek and the Dominos, e forjou clássicos imortais como “Layla” e “Tears in Heaven“. No palco, Clapton carrega o peso de uma jornada que definiu o som de gerações. A performance em São Paulo foi uma verdadeira celebração dessa trajetória, unindo o público em uma experiência musical que vai além do entretenimento.
No Allianz Parque, Clapton provou que a simplicidade pode ser grandiosa. Sem grandes aparatos visuais ou pirotecnia, o foco esteve completamente na música – e que música! A noite foi permeada por um setlist que misturava seus maiores sucessos, como “Tears in Heaven”, com clássicos do blues, como as influências de Robert Johnson, mostrando o respeito que Clapton mantém por suas raízes. Sua banda, composta por músicos excepcionais, foi o suporte perfeito para que ele pudesse explorar a liberdade do improviso, criando momentos únicos e memoráveis para o público presente.
Apesar da grandiosidade do local, a apresentação teve uma atmosfera intimista, quase como se Clapton estivesse tocando para amigos. Sua relação com a plateia foi marcada por sorrisos e gestos de agradecimento, deixando claro o quanto ele se sentiu acolhido. O público brasileiro, por sua vez, fez jus à fama de ser um dos mais calorosos do mundo, cantando junto, aplaudindo fervorosamente e devolvendo a Clapton todo o amor que ele projetou ao longo do show.
Um dos pontos altos da noite foi a abertura feita por Gary Clark Jr., um talentoso guitarrista que conseguiu preparar o terreno com uma mistura envolvente de blues e rock. Sua performance foi carregada de energia, servindo como o prólogo perfeito para o que estava por vir. Clark Jr. é uma escolha acertada para dividir o palco com Clapton, ambos com raízes profundas no blues, mas com abordagens que, ao mesmo tempo, se complementam.
Ver Clapton ao vivo em 2024, com 79 anos de idade e ainda no auge de suas capacidades, é uma lembrança vívida de sua importância histórica. Poucos artistas conseguem manter uma carreira tão longa com tamanha qualidade. Seu domínio técnico impressiona, mas é a emoção que ele entrega, com cada nota carregada de sentimento, que o diferencia. Clapton é uma lenda viva que consegue tocar o coração de seu público, transcendendo décadas e conquistando novas gerações.
Eric Clapton se provou uma força inabalável na música, atravessando décadas de mudanças na indústria sem nunca perder a autenticidade que o fez chegar ao topo. Sua performance no Allianz Parque foi o retrato fiel de um artista que, mesmo com tantos anos de estrada, mantém sua essência intacta. Ele continua relevante, sem ceder às pressões passageiras de tendências ou modismos, e entrega ao público exatamente aquilo que o fez um ícone: a honestidade em sua música, o talento incomparável e a paixão por cada nota tocada.
Clapton é um exemplo raro de alguém que se reinventa sem perder sua identidade, e essa é sua maior vitória. Aos 79 anos, ele ainda é uma das forças mais poderosas e autênticas da indústria musical.
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