Filme “Eu, Capitão” é jornada entre o lúdico e a cruel realidade

"Eu, capitão": Uma jornada entre o lúdico e a cruel realidade

Foto: Divulgação

“Eu, capitão”, dirigido por Matteo Garrone, é uma jornada épica que acompanha um jovem rapaz e seu primo em uma jornada rumo à Europa, partindo de Dakar, no Senegal. O filme mergulha na realidade brutal da migração, retratando a transformação do protagonista de ser humano a mercadoria, animal e, finalmente, herói. É uma narrativa que expõe os perigos do deserto, do mar e das ambiguidades da condição humana, onde sonhos e esperanças se convertem em uma luta desesperada pela sobrevivência. O longa concorre ao Oscar 2024 na categoria de “Melhor filme internacional”.

Garrone apresenta uma obra que confronta com a crueldade da realidade, sem reservas. A ausência de som em determinadas cenas amplifica o ambiente sufocante e desesperador, enquanto a fotografia das vastas paisagens e do mar é agonizantemente deslumbrante.

O filme desafia os limites do que a sociedade está preparada para testemunhar, mantendo-se no limite entre o bom humor e o choque da realidade. O elenco extremamente competente, com destaque para o protagonista (Seydou Sarr), que transmite emoções de forma extraordinária, capturando o desespero, a alegria, a saudade e a angústia.

Eu, Capitão do diretor Matteo Garrone – Foto: Divulgação

A jornada do protagonista é um paralelo indireto entre atravessar o deserto e alcançar o “paraíso”. A fotografia encontra beleza mesmo nos momentos de caos, e o humor pontua a trama, tornando-a mais leve, apesar da desesperança que permeia boa parte do filme.

A maquiagem é assustadoramente convincente, retratando a crueldade desesperadora enfrentada pelos personagens. A trilha sonora crescente em momentos de tensão intensifica a atmosfera angustiante.

O filme aborda a questão da sobrevivência em meio à perda da humanidade, questionando quando a instinto deve sobrepor a moralidade. Mesmo após tudo que acontece, a ingenuidade do protagonista é notável, o que adiciona camadas de complexidade à narrativa.

O final do filme é poético, concluindo a jornada de forma satisfatória, apesar de deixar espaço para interpretação. Em última análise, “Eu, Capitão” nos lembra da importância de ouvir nossas mães.

Eu, capitão estreia nos cinemas brasileiros no dia 29 de fevereiro de 2024.

Eu, capitão – Matteo Garrone : ☆☆☆☆☆

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