Antes das “bets” de celular virarem assunto de bar, o Brasil já apostava faz tempo. O jogo do bicho nasceu no Rio em 1892 como atração do zoológico do Barão de Drummond e logo virou fenômeno popular; e as loterias circulam por aqui desde o período colonial.
De lá pra cá, o tema só ganhou camadas. Recentemente, o mercado de apostas de quota fixa e de jogos online ganhou marco legal (Lei 14.790/2023 e portarias de 2024), o que reforçou a presença do assunto no noticiário e na cultura pop.
Assim, o mercado cresce cada vez mais, atingindo todo tipo de público, desde a classe alta, até quem tem pouco dinheiro e experimenta opções como um jogo de aposta de 50 centavos, que está presente em quase todo o site de apostas atualmente.
Já no cinema brasileiro, o jogo sempre rendeu boas histórias, desde as chanchadas e dramas de mesa às tramas policiais. Sendo assim, vamos falar de 5 filmes brasileiros que envolvem as apostas nas suas narrativas? Confira!

1 – O Último Animal — 2023 — submundo carioca; jogo do bicho
O Último Animal (2023), dirigido por Leonel Vieira, apresenta uma narrativa envolvente ambientada nas camadas menos visíveis do Rio de Janeiro. A trama acompanha Didi, um jovem contador que alterna entre seus princípios e a realidade de se envolver, de forma quase acidental, com “Dr. Ciro”, figura influente do jogo do bicho.
O filme revela, com maturidade, os dilemas morais e as tensões desse universo, sem condenar o vocabulário cultural ou suas ramificações sócio-históricas.
2 – Até que a Sorte Nos Separe — 2012 — loteria, família, comédia leve
Até que a Sorte Nos Separe (2012), dirigido por Roberto Santucci, segue Tino, um pai de família que, junto com a esposa Jane, ganha uma bolada na Mega-Sena. Durante cerca de dez anos, eles desfrutam de uma vida de conforto e excessos.
Eventualmente, se veem em dificuldades financeiras, e Tino recorre a um vizinho consultor para ajudar, sem revelar a situação à esposa grávida: uma confusão familiar doce e divertida protagonizada pelo ator Leandro Hassum.
3 – Como Ganhar na Loteria sem Perder a Esportiva — 1971 — loteria esportiva; humor leve
Como Ganhar na Loteria sem Perder a Esportiva (1971), dirigido por J. B. Tanko, é uma comédia leve ambientada no contexto efervescente da chegada da Loteria Esportiva ao Brasil.
O filme retrata com bom humor o estado de euforia que se instala quando várias pessoas acreditam ter ganhado o prêmio, só para descobrir que ele será dividido entre todos os vencedores. Uma história divertida e cotidiana que reflete os sonhos de riqueza fácil e os pequenos mal-entendidos ao longo do caminho.
4 – Jogos Clandestinos — 2014 — cassino ilegal; humor negro
Jogos Clandestinos (2014), dirigido por Caio Cobra, traz Tobias (Bruno Gagliasso), um jogador que perde todo o dinheiro emprestado num cassino clandestino. Para tentar reverter a situação, ele planeja um assalto ao local com a ajuda de uma stripper e seu melhor amigo. Uma trama que mistura tensão leve, sacadas de humor negro e situações inesperadas, explorando o mundo das apostas de forma divertida e inteligente.
5 – Os Enforcados — 2025 — ambição; pacto; tragédia leve
Os Enforcados (2025), dirigido por Fernando Coimbra e com Leandra Leal e Irandhir Santos no elenco, explora com nuances a complexidade de um casal que busca uma forma de superar o peso da herança familiar no universo do jogo do bicho. Quando uma saída parece perfeita através de um plano cuidadosamente pensado, a realidade se impõe, levando os dois por uma espiral de escolhas que transformam suas vidas.
Um retrato sensível da ambição, da cumplicidade e dos limites entre sonho e consequência, ambientado em um Rio de Janeiro familiar (e, ao mesmo tempo, carregado de tensão). O filme estreou em 14 de agosto de 2025 e está entre os 16 priorizados pela Academia Brasileira de Cinema para representar o país no Oscar 2026.
Qual o lugar das apostas no coração do brasileiro?
Os filmes que apresentamos mostram que as apostas não são novidade. Elas estão entrelaçadas com a história e o imaginário do Brasil. Desde a chegada das loterias no Império até o emblemático jogo do bicho, criado em 1892 como forma de financiar o zoológico do Barão de Drummond, as apostas sempre tiveram um espaço único no cotidiano nacional.
Essas práticas refletem tanto os dilemas quanto os sonhos: há polêmicas, como os elos com a ilegalidade e a tolerância ambígua da sociedade, mas também momentos de inventividade, ambição e até humor, como vemos em nossos cinco filmes.
Eles ilustram que, embora gerem controvérsia, as apostas carregam uma mistura de esperança, risco e busca por uma virada na vida, traços que explicam por que “apostar” ainda pulsa fundo na cultura brasileira.






