Clímax de saga nunca é apenas um desfecho, é também um rito de passagem coletivo. Foi assim com “Naruto: Shippuden” no arco da Guerra Ninja, com “Dragon Ball Z” no encerramento da saga de Majin Buu, e agora com “Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito”. Estreando em setembro nos cinemas, o longa marca o início da reta final dessa história que conquistou milhões ao redor do mundo e consolidou a franquia como uma das mais impactantes do século XXI no universo dos animes.
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O castelo que dá nome ao filme não é só um cenário. É uma armadilha viva, um labirinto cruel que funciona como metáfora da própria jornada dos exterminadores: cada corredor é uma provação, cada sala uma despedida em potencial. O público já entra sabendo que a batalha contra Muzan Kibutsuji não será apenas física, mas também psicológica, marcada por sacrifícios que ecoam na memória de quem acompanha a série desde o início.
O filme abre logo após o Arco do Treinamento dos Hashiras, preparando o terreno para a tempestade. Muzan quase não aparece, mas sua sombra domina tudo. O Castelo Infinito, em constante transformação, aprisiona os caçadores em um tabuleiro de guerra sem escapatória, como se fosse uma versão sombria da Casa Mal-Assombrada de “Castlevania”. É ali que três grandes batalhas se desenrolam, cada uma funcionando como um corte profundo no tecido emocional da narrativa.
Zenitsu, sempre associado ao medo, tem aqui seu grande momento. Enfrentando Kaigaku, um antigo irmão de treinamento que se corrompeu ao se tornar uma das Doze Luas Superiores, o personagem finalmente rompe com a imagem frágil que carregava. Ao revelar o Sétimo Estilo: Deus do Trovão Flamejante, ele prova que superação não é só uma questão de poder, mas de encarar a dor da traição e a responsabilidade do legado. Sua vitória, marcada pela decapitação de Kaigaku, tem gosto amargo, pois traz mais perdas emocionais do que conquistas.
Na sequência, Akaza retorna como fantasma do passado. Ele carrega consigo o peso de ter matado Kyojuro Rengoku em “Mugen Train: Trem Infinito”, um dos momentos mais devastadores da franquia. Aqui, diante de Tanjiro e Giyu, Akaza mostra por que é lembrado como um dos vilões mais temidos. Mesmo decapitado, continua lutando, desafiando a lógica. Mas é no instante em que sua memória humana vem à tona que o público testemunha algo inesperado. O vilão encontra redenção no meio do caos, optando por desistir da luta e se sacrificar. É um gesto que o resgata da sombra e o inscreve no hall dos antagonistas que, assim como Vegeta em “Dragon Ball Z” ou Itachi em “Naruto”, se tornam maiores que seus pecados no instante da queda.
O golpe mais cruel, no entanto, recai sobre Shinobu Kocho. Sua luta contra Doma é carregada de dor pessoal, já que ele foi o responsável pela morte de sua irmã. Shinobu utiliza cada técnica, cada gota de veneno, mas encontra um inimigo já adaptado. O resultado é devastador: a Hashira dos Insetos é absorvida em uma das cenas mais brutais de toda a franquia. A morte de Shinobu não serve só como uma perda narrativa, é um marco que lembra ao público que “Demon Slayer” nunca se comprometeu a proteger seus heróis. A guerra contra os demônios cobra um preço que o espectador sente na pele.
O filme termina sem pós-créditos tradicionais, mas com uma sequência que deixa claro: o pior ainda está por vir. A sombra de Muzan paira sobre tudo e a trilogia final caminha para uma escalada de sacrifícios ainda maiores. A fidelidade ao mangá é evidente, mas a experiência de ver tudo isso em tela grande amplifica a experiência, transformando cada vitória em luto e cada derrota em memória.
Se “Castelo Infinito” funciona como prólogo do fim, ele também se firma como lembrança de que finais de sagas épicas não servem para consolar, mas para desafiar. Tanjiro, Zenitsu, Inosuke e os Hashiras caminham para o desconhecido, e cada passo nesse castelo parece anunciar que nenhum personagem está a salvo.
A jornada contra Muzan ainda não foi selada, mas o recado já foi dado: assim como “Akira” ou “Neon Genesis Evangelion” marcaram gerações com sua intensidade, “Demon Slayer” quer se despedir gravando cicatrizes na memória de quem ousar atravessar o Castelo Infinito.
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