“Duas Covas” surge na Netflix como uma produção espanhola intensa, curta, mas capaz de deixar marcas profundas. Com apenas três episódios, a minissérie consegue condensar drama familiar, suspense e tragédia em uma narrativa que não permite distrações. Cada gesto, cada segredo, cada escolha das personagens ressoa como um eco do passado, lembrando que em famílias marcadas por dor e poder, a linha entre amor e destruição é tênue.
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A história gira em torno de Verónica e Marta, duas adolescentes cujas vidas se entrelaçam em um cenário saturado de mentiras, lealdades duvidosas e ambições pessoais. A série lembra antigas tragédias clássicas, das peças de Lorca às intrigas de “La Casa de Papel”, da qual herda alguns rostos conhecidos, trazendo familiaridade e tensão ao mesmo tempo. O núcleo da narrativa explora a pergunta que atravessa gerações: até onde alguém está disposto a ir para proteger quem ama?
O ponto de virada da trama acontece quando uma briga entre as jovens termina em tragédia. Marta morre após ser empurrada por Verónica e bater a cabeça. O acidente se transforma em catalisador de uma espiral de encobrimentos, mentiras e vingança que permeia todo o último episódio, mostrando que a culpa e o medo de expor a verdade podem ser tão mortais quanto um ato de violência direta. O corpo de Marta é lançado ao mar por Antonio, pai de Verónica, numa tentativa desesperada de proteger a filha. Esse gesto, que remete a antigos dramas familiares da ficção europeia, transforma a tragédia em segredo sombrio, corroendo lentamente os laços e contaminando toda a comunidade.
Enquanto Verónica tenta reconstruir sua vida, enviada para o Marrocos com planos de chegar ao Brasil, sua trajetória permanece envolta em incerteza. Ao lado de Jamila, marcada pelos eventos, ela busca escapar do passado, mas o destino insiste em lançar sombras sobre o futuro, mantendo o mistério que permeia cada episódio. O final ambíguo evidencia que, por mais que se tente fugir das consequências, a memória de atos trágicos insiste em acompanhar os sobreviventes.
Do outro lado, Rafael, pai de Marta, não encontra descanso até descobrir a verdade e buscar justiça. O embate moral culmina em um desfecho brutal: Isabel, avó de Verónica, coloca Rafael no carro e dirige diretamente para o mar. Ambos morrem, encerrando a saga de vingança com uma imagem que ecoa antigos mitos e tragédias literárias, em que o preço da justiça é pago com sangue e sacrifício.
O título da série, “Duas Covas”, é uma referência direta ao ditado popular que alerta sobre o ciclo da vingança: antes de buscar vingança, cave duas covas. A narrativa confirma essa sabedoria ancestral, mostrando que a sede de justiça ou retaliação devora tanto quem ataca quanto quem tenta proteger. O desfecho deixa uma mensagem inegável: escolhas movidas por mentira, silêncio e vingança carregam um peso que atravessa vidas e gerações.
“Duas Covas” não deixa assassinos clássicos, mas evidencia que a tragédia e a culpa podem ser tão letais quanto qualquer crime planejado. Marta morre de forma acidental, Rafael e Isabel sucumbem ao ciclo de vingança, e Verónica permanece com a dúvida e a responsabilidade de carregar a memória de tudo o que aconteceu. A minissérie fecha seus arcos principais, mas mantém um fio de mistério sobre o futuro, refletindo que algumas histórias nunca se encerram completamente.
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