A segunda temporada de “Sandman” é sobre o fim. Mas também é sobre tudo o que vem depois. O adeus a Morfeu não é só uma despedida épica, é a quebra de um ciclo milenar que se recusa a evoluir. E, mesmo sendo a última temporada da série na Netflix, a história nunca pareceu tão viva.
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A morte de Morfeu, o Senhor dos Sonhos, é um desfecho construído com paciência, dor e consciência. Ao matar Orfeu, seu único filho, ele rompe não só uma lei entre os Perpétuos como o último elo de humanidade que ele ainda carregava. Era um pedido antigo, um desejo negado por séculos. Quando Morfeu finalmente concede esse descanso ao filho, não é um gesto de compaixão é um gatilho para sua própria queda.
O assassinato de sangue familiar atrai as Benevolentes, entidades que não aceitam violações desse tipo. A perseguição é brutal, e o próprio Morfeu entende que sua hora chegou. Ele não foge, não se defende. Chama sua irmã Morte e caminha até ela com uma serenidade que beira o alívio. A luz que o engole marca o fim de um personagem que sempre controlou o destino dos outros, mas nunca soube lidar com o próprio.
Só que ninguém fica vazio no reino do Sonhar por muito tempo.
Daniel Hall, nascido no Sonhar, queimado pela humanidade e moldado pelo mito, assume o trono como o novo Senhor dos Sonhos. O bebê de outra temporada surge agora como um homem que carrega inocência no olhar e poder no gesto. Ele é o herdeiro, mas não é uma cópia. É algo inédito, e a série faz questão de mostrar isso com sutileza.
Daniel não tem a rigidez de Morfeu, não acredita em punição como forma de controle e nem em regras que sufocam. Ele perdoa Lyta, a mulher que quase destruiu o Sonhar, e promete visitá-la em sonhos, como quem entende que o trauma também precisa de cura. Ele ressuscita personagens importantes como Abel, Gilbert e Mervyn, mas é repreendido por isso. Porque nem tudo que se pode fazer, se deve. E aí mora o novo conflito: um Sonho que sente demais.
O funeral de Morfeu reúne os Perpétuos, agora mais conscientes da própria fragilidade. Todos estão lá, e todos sabem que algo mudou para sempre. Não há mais espaço para o velho Morfeu. Mas há espaço para recomeçar.
A cena final diz tudo sem precisar gritar. Daniel se senta à mesa com seus irmãos e parece deslocado. O novo Sonho ainda está descobrindo quem é o público, junto com ele. O ciclo se fecha, mas o que importa é que outro começa. E o mais surpreendente: com esperança.
Oficialmente, a série não terá uma terceira temporada. Segundo o criador Allan Heinberg, o encerramento já era planejado, independentemente de qualquer polêmica envolvendo Neil Gaiman. A Netflix decidiu não renovar, e os bastidores não escondem a frustração: números modestos, apelo mais limitado e uma estética que exige paciência.
Mesmo assim, Heinberg deixou espaço para sonhar. O roteiro foi escrito com um futuro possível em mente, especialmente com Daniel assumindo o protagonismo. Também há interesse em explorar tramas paralelas, como uma série focada em Lucienne, ou aventuras com Johanna Constantine e o Coríntio. Nada disso está confirmado, mas nada disso está morto.
“Sandman” pode ter acabado, mas Daniel ainda está lá. E isso, por si só, já diz muito. O extra com a Morte que estreia dia 31 de julho na Netflix pode até encerrar esse ciclo, mas a sensação que fica é outra. Sonhar, ao contrário do que se pensa, não é fugir da realidade é aceitar que ela pode ser reescrita.
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