A segunda temporada de “Wandinha” chegou completa à Netflix e mostrou por que essa adaptação ousada do universo da Família Addams tem um apelo tão singular. A série criada por Al Gough e Miles Millar mergulhou ainda mais fundo nas origens dos personagens e reforçou a estética macabra que Tim Burton imprimiu na primeira leva de episódios, agora expandida em uma narrativa repleta de referências, dramas familiares e uma mitologia que ganha novas camadas. Se a primeira temporada foi marcada pelo impacto da apresentação desse universo, a segunda comprova que “Wandinha” não teme crescer em escala e ousadia.
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Aqui, o destaque é a revelação mais aguardada: a história de Mãozinha, o inseparável aliado de Wandinha Addams. O mistério em torno de sua origem foi explorado de maneira sombria e quase trágica. Descobrimos que a famosa mão é, na verdade, o membro direito do cientista Isaac Night, um cadáver reanimado que carrega consigo um passado que conecta diretamente a juventude de Mortícia Addams. A revelação transforma Thing em uma peça-chave da mitologia da série, um personagem com identidade própria e uma história que ecoa as narrativas góticas clássicas, lembrando monstros icônicos da literatura, como Frankenstein, mas com o humor ácido que sempre caracterizou os Addams.
No passado, Isaac criou uma máquina para tentar libertar os Hydes de sua maldição e salvar sua irmã Francoise. Mas o experimento falhou, custando sua própria vida. Em um ato drástico, Mortícia cortou sua mão, que ganhou vida própria, tornando-se a icônica Mãozinha. A série brinca com a tradução do nome em inglês, Thing, que é um anagrama de Night, reforçando a construção meticulosa dos detalhes narrativos.
No presente, a segunda temporada mostra Isaac de volta, tentando reconstruir sua máquina com a ajuda de Francoise e Tyler, o Hyde que já havia sido um antagonista central. O plano, no entanto, revela intenções sombrias: retirar os poderes de Tyler e usá-lo como ferramenta para uma vingança maior. O sequestro de Mãozinha e a tentativa de reanexar a mão ao corpo de Isaac criam uma cena de tensão clássica. A luta entre Mãozinha e Isaac é um dos momentos mais icônicos da série, uma cena que equilibra ação, emoção e o humor mórbido que define o tom do programa. A mão vence, arranca o coração mecânico de Isaac e retorna correndo para a família, em uma cena que mistura emoção e uma boa dose de excentricidade burtoniana.
Mas o final da temporada não para por aí. A narrativa reserva ainda mais mistérios e novos personagens para agitar o futuro de “Wandinha”. A reaparição de Larissa Weems como guia espiritual de Wandinha traz um elo inesperado com a primeira temporada, enquanto a presença da tia Ophelia Frump, dada como desaparecida, muda completamente o rumo da trama. Ela surge trancada no porão da mansão da Vovó Hester, rabiscando nas paredes a frase “Wandinha tem de morrer”. O suspense psicológico cresce com essa revelação, indicando que a terceira temporada poderá explorar com ainda mais força a herança obscura dos Addams.
Outro elemento central é a entrega do diário de Ophelia a Wandinha por Mortícia. O gesto, carregado de simbolismo, marca o amadurecimento da protagonista e revela a confiança, mesmo que hesitante, que sua mãe deposita nela. Enid, por sua vez, segue uma jornada de autodescoberta, consolidando seus poderes de lobisomem e enfrentando as consequências dessa transformação. A amizade entre Enid e Wandinha se fortalece e se torna um dos pilares emocionais da série, superando o tradicional triângulo amoroso que marcou a primeira temporada.
A temporada também se despede de personagens importantes. O diretor Dort, envolvido em crimes e seitas, tem um destino trágico, transformado em pedra e esmagado. A série mostra que não tem medo de matar personagens-chave, reforçando a sensação de perigo constante que ronda a Escola Nunca Mais.
“Wandinha” prova mais uma vez que o universo criado por Charles Addams é um prato cheio para novas leituras, com personagens complexos e uma atmosfera que mistura o gótico, o camp e o drama adolescente. A estética impecável de Tim Burton continua sendo um dos maiores atrativos da produção. Ele dirige os dois últimos episódios desta segunda temporada, que abraçam o macabro de forma mais intensa e se destacam pelo ritmo envolvente e pelo apelo visual característico do cineasta. É impossível não traçar paralelos com clássicos como “Os Fantasmas se Divertem” e “Edward Mãos de Tesoura”, obras que também exploravam o lado estranho e melancólico de personagens outsiders.
Apesar de alguns excessos narrativos e subtramas que poderiam ser melhor desenvolvidas, a série mantém o público preso com personagens carismáticos e uma mitologia rica. O equilíbrio entre mistério, humor e drama familiar permanece sendo a marca registrada do projeto, que, nesta temporada, arrisca ainda mais ao criar ganchos para o futuro. A cena final deixa claro que a história de Wandinha Addams está apenas começando, e que os segredos de sua família são muito mais profundos do que imaginávamos.
Com uma terceira temporada já confirmada, “Wandinha” segue firme como uma das produções mais importantes da Netflix. O encerramento desta segunda parte reforça a força criativa por trás da série, que não tem medo de mergulhar em temas sombrios e ao mesmo tempo divertir com seu humor ácido. O universo dos Addams nunca esteve tão vivo, e esta temporada prova que, assim como sua protagonista, a série prospera na escuridão.
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