O cantor e compositor paulista Gzuis é uma das vozes promissoras da cena independente brasileira. Com apenas 23 anos, ele já conquistou espaço por seu estilo único, que combina elementos de reggae, MPB, rap e outras influências culturais, criando uma sonoridade que transita entre o urbano e o espiritual. Seu mais novo single, “Correndo Pelo Mundo“, lançado no final do ano passado, reforça essa identidade musical ao abordar temas como liberdade, cultura afro-brasileira e a vida nas ruas.
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Em entrevista exclusiva, Gzuis compartilha os bastidores do processo criativo de “Correndo Pelo Mundo” e revela como suas vivências pessoais e espirituais moldaram tanto a música quanto a mensagem do novo single. Ele também reflete sobre a importância da palavra “vagabundo” em sua arte, não como um termo pejorativo, mas como um símbolo de liberdade e não conformidade. Além disso, o artista fala sobre suas influências musicais, o impacto da espiritualidade em sua obra e a mistura orgânica de ritmos que tornam suas canções tão singulares. Confira a seguir!
“Correndo Pelo Mundo” tem uma forte mensagem sobre liberdade, cultura afro-brasileira e a vida nas ruas. Como foi o processo de composição dessa faixa e o que ela significa para você hoje?
“Essa faixa é exatamente isso: uma junção de várias experiências pessoais. Ela reflete momentos dos meus relacionamentos, vivências nas ruas e experiências no terreiro. Eu a compus há bastante tempo; desde 2018, já tinha o refrão pronto. Depois disso, fui apenas conectando o útil ao agradável, reunindo todas as vivências e emoções que acumulei ao longo dos anos para completar a música. Acho que consegui expressar tudo isso muito bem e fiquei bastante satisfeito com o resultado.”
Você mencionou que o refrão foi composto na adolescência e que a palavra “vagabundo” tem um significado diferente do senso comum. Como essa ideia de liberdade e não conformidade influencia a sua música?
“Essa é uma ótima pergunta sobre liberdade e não conformidade. Quando pensamos na palavra ‘vagabundo’, normalmente imaginamos alguém que não quer trabalhar ou fazer nada. Mas, para mim, o ‘vagabundo’ é mais como o malandro: alguém que sabe entrar e sair de qualquer lugar com habilidade, que consegue se conectar com qualquer pessoa, resolver problemas e encara a vida de um jeito único. É alguém que vive com alegria, valorizando os prazeres da vida e sabendo aproveitar cada momento. É essa essência que eu quero transmitir quando falo sobre o ‘vagabundo’.”
A espiritualidade de matriz africana é um tema recorrente na sua obra. De que forma sua fé molda a sua arte e a mensagem que você quer transmitir para o público?
“Quando entrei no terreiro, meu mestre Ogã, que é o Lau, me ensinou muito sobre macumba, MPB e música de forma geral. Ele é uma pessoa extremamente culta e foi quem me deu esse direcionamento. Foi com ele que comecei a aprender a tocar atabaque, e isso despertou em mim uma verdadeira paixão pela MPB e pela música brasileira como um todo. Esse processo trouxe uma grande fonte de inspiração e uma identificação profunda, que hoje consigo traduzir nas minhas músicas.”
“Correndo Pelo Mundo” mistura diversos estilos como reggae, samba, MPB e até dancehall. Como você encontra esse equilíbrio para criar uma sonoridade tão única?
“Acho que foi algo muito natural combinar esses elementos — reggae, samba, MPB, dancehall e neo soul, especialmente o baixo no refrão, que tem uma pegada de neo soul. Durante a produção com o Dupré, eu já tinha um refrão em samba rock, que é um samba mais groovado, enquanto o verso seguia um estilo raga, mais próximo do dancehall. A partir daí, fomos sentindo a música e incorporando nossas referências de forma orgânica. No final, o resultado foi exatamente o que queríamos. Para mim, isso reforça a ideia de que, quanto mais escutamos música, mais referências acumulamos e mais fácil fica trazê-las para o nosso trabalho.”
PING-PONG:
Influências musicais: Charlie Brown Jr, O Rappa, cantos de macumba, neo soul, Anderson Paak, Bruno Mars
Primeira música que compôs: “Paz de Espírito”, meu primeiro álbum
Uma palavra que te define: Expansivo
Um sonho de carreira: Abrir minha gravadora e ajudar artistas independentes e iniciantes
Sua maior inspiração na vida: Meu pai e minha mãe
Reggae ou rap? Eu prefiro reggae. O rap tem um lugar muito importante, mas eu prefiro reggae
Um lugar favorito para compor: Meu quarto
Uma música que não sai da sua cabeça: Stepping Out, do Steel Pulse
Algo que não suporta: Traição. Não tem perdão pra mim, seja na amizade ou relacionamento
Seu ritual antes de um show: Eu vou no banheiro e falo comigo mesmo no espelho, fico me incentivando, orando pros meus guias e orixás
Uma mensagem para os fãs: Aguardem muito material novo, muita música nova, que vai chegar muita coisa muito braba. Esse ano de 2025 promete.
Planos para o futuro: Feats com vários artistas que estão crescendo muito na cena atual de reggae e brasilidade
O que a rua representa para você: Escola. O que eu não aprendi na escola, aprendi na rua. Desde criança foi assim. Eu acabei largando a escola, mas a vida na rua se tornou minha grande professora.
Uma lembrança marcante da infância: Tem muitas lembranças, mas uma que me marca muito é das vezes em que eu ia para a cidade da minha avó, no interior. Eu corria pelo mato com meus primos, sem nenhuma preocupação, sem medo de bichos, sem nada. A gente só brincava, livre, aproveitando o momento.
Uma frase que guia sua vida: “É uma escolha ser adulto.” Essa é a frase que guia a minha vida atualmente. Ela foi escrita pelo Dow Raiz na música “Melhor que Ontem” e tem um significado muito forte para mim.
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