O filme “Longlegs – Vínculo Mortal” é dirigido pelo cineasta Oz Perkins. A narrativa segue a agente do FBI, Lee Harker (Maika Monroe), que é convocada para reabrir um caso arquivado de um serial killer em uma cidade tranquila. À medida que Lee mergulha na investigação, ela descobre indícios perturbadores de práticas ocultas ligadas aos crimes, levando-a por um caminho sinuoso e perigoso.
Conforme desvende as pistas, Harker se vê confrontada com uma conexão pessoal inesperada com o assassino, lançando-a numa corrida contra o tempo para evitar novas vítimas. Contudo, à medida que avança, percebe que algo sinistro a observa de perto, ameaçando não só o desfecho do caso, mas também sua própria segurança. Enquanto luta para desvendar a verdade por trás dos assassinatos, Harker se vê numa encruzilhada entre o dever profissional e os segredos sombrios que emergem, transformando sua investigação em uma batalha intensa entre a razão e o desconhecido. “Longlegs – Vínculo Mortal” explora os conceitos do horror extremo de maneira única e perturbadora. O filme chega aos cinemas brasileiros em 29 de agosto, sob distribuição da Diamond Films.
“Longlegs – Vínculo Mortal” é basicamente um thriller de investigação que mergulha o espectador no sombrio mundo dos serial killers, com Nicolas Cage entregando uma performance memorável como o assassino titular. O longa presta uma homenagem aos thrillers dos anos 90, relembrando clássicos como “Sete” e “O Silêncio dos Inocentes“, mas com uma abordagem única que lhe confere um estilo próprio.
Desde o início, a tensão é complexa. A câmera frequentemente centraliza os personagens, criando um vazio ao redor que amplifica a sensação de desconforto e antecipação. Você se encontra na ponta da cadeira, sempre ansioso pelo que está por vir. Cage entrega uma performance assustadora, chega a doer o estômago em alguns momentos.
O filme é um mestre na construção de uma atmosfera de tensão constante. A ação se desenrola lentamente, mantendo os mistérios do serial killer ocultos. Quem é esse homem sinistro? Qual é a sua motivação? À medida que o filme avança, ele nos conduz por um caminho tortuoso de suspense, revelando lentamente as peças do quebra-cabeça. A revelação final é surpreendente e perturbadora, deixando o público em reflexão após os créditos finais.
A influência de Kiyoshi Kurosawa é evidente, especialmente em como “Longlegs – Vínculo Mortal” lembra “A Cura” mais do que “O Silêncio dos Inocentes“. As imagens têm um toque lynchiano, evocando uma estranheza similar a “O Retorno“. No entanto, o filme se mantém firme em seu próprio território, utilizando assassinatos aleatórios cometidos por pessoas comuns, cada um precedido por um encontro enigmático com um estranho. O elemento religioso, que explora como o medo pode levar à devoção contínua, é intrigante, mas poderia ter sido mais desenvolvido.
O filme brilha em seus primeiros dois atos, onde a tensão é quase insuportável. Nicolas Cage, com sua maquiagem transformadora, se torna irreconhecível e absolutamente assustador. Maika Monroe, como Harker, traz uma profundidade emocional que amplifica a sensação de pavor. Seus olhos constantemente expressam um medo subjacente, e sua atuação rígida a destaca, fazendo um contraponto perfeito ao Longlegs de Cage.
A fotografia é impecável, com uma iluminação que realça a beleza e a morbidez dos cenários. A alternância entre formatos de câmera adiciona uma camada de complexidade à narrativa visual. No entanto, o final pode deixar alguns espectadores insatisfeitos, pois desvia das expectativas estabelecidas. Mesmo assim, “Longlegs – Vínculo Mortal” é uma obra notável, mesclando thriller e terror de maneira complexa.
Longlegs – Vínculo Mortal: ✩✩✩✩