Madonna volta na madrugada desta sexta-feira (14) com o novo álbum dela, o “Madame X”, divulgado como um alter ego da cantora. É mesmo uma Madonna bem diferente. Mas não acho que isso é suficiente pra resumir o que vamos encontrar em “Madame X”. Não há dúvidas que morar em Lisboa foi o fator principal para Madonna incorporar ao disco referências africana, hispânica e, claro, portuguesa.
Quando tive a oportunidade de ouvir o disco nesta semana, fui direto na faixa em parceria com Anitta, “Faz Gostoso”. Não tinha ouvido ainda a versão original dela, da cantora luso-brasileira Blaya. Como já tinha escutado os quatro primeiros singles lançados, não achei que fosse fazer tanta diferença ouvir o disco do começo ao fim, na ordem correta das faixas.
Senti um pouco de dificuldade de absorver Madonna cantando um funk e falando português, mas depois me acostumei com a ideia e a faixa acabou ficando na cabeça. Madonna entrega mesmo uma identidade nova, renovada e experimental. É esse o conceito de todo o disco.
A primeira faixa, “Medellín”, parceria com o Maluma, já era uma amostra do que a gente ia ouvir no álbum, com o “cha cha cha” e o colombiano cantando em espanhol. A música causou estranheza até para os mais fanáticos, e mostrou que a cantora pode ousar sem medo. Maluma repete o feat com Madonna em “Bitch I’m Loca”, também com vários versos em espanhol. A faixa não empolga tanto como “Medellín”.
Como tinha falado mais acima, a estranheza de ouvir Madonna cantando em português não fica restrito somente a “Faz Gostoso”. Ela faz isso em outras faixas, como “Killers Who Are Partying”, na qual ela canta “o mundo é selvagem, o caminho é solitário”, em “Crazy” com a frase “você não vai me por tão louca” e “Extreme Occident”, cantando “aquilo que mais magoa é que eu não estava perdida”.
O disco também tem faixas com gostinho de pista de dança, como “God Control” e com um ótimo remix, “I Don’t Search I Find” pode entrar pra essa lista.
A crítica britânica não estava errada em dizer que é o melhor álbum de Madonna desde “Confessions on a Dance Floor”, de 2005, mas eu acho que é um disco que pode ser comparado ao experimental de Madonna em “Ray of Light”, de 1999. Se tivesse que escolher uma música, aposto que “Faz Gostoso” deve certamente virar hit no Brasil. Para os fãs do restante do mundo, não ouso arriscar. Madonna pode fazer o que quiser. Se vai para a parada da Billboard? Não acredito. Mas ela não precisa, aos 60 anos, de uma lista para provar que ainda impõe respeito.