Carlos Marighella foi escritor, político e guerrilheiro, um dos principais articuladores da luta armada contra a ditadura militar brasileira. Considerado o maior inimigo do regime, sua trajetória de resistência ganha nova vida nos palcos em “Marighella – O Homem que Não Tinha Medo”, espetáculo com direção geral, produção e idealização de Allan Oliver, direção de Graça Cunha e protagonismo de Pietro Cadete e Fábio Neppo. A temporada acontece entre 9 de maio e 22 de junho, no Teatro Paiol Cultural, em São Paulo.
Conteúdos da terceira edição do Arts SP serão disponibilizados online

A peça traça um retrato emocional e político de Marighella, abordando sua juventude, paixões, contradições e sua incansável luta por justiça social. Com linguagem poética e crítica, o espetáculo utiliza recursos cênicos que incluem comentários de Jorge Amado e Fidel Castro, que disputam a maneira como a história será contada. De um lado, Jorge representa a ternura e a humanidade; do outro, Fidel encarna a rigidez política. O público é convidado a enxergar com outros olhos, desafiando a narrativa oficial imposta pela repressão.
A proposta é mostrar Marighella por completo: em sua versão jovem, interpretado por Pietro Cadete, ele é ousado, apaixonado, cheio de fúria e esperança. Na fase adulta, vivido por Fábio Neppo, revela um homem marcado por perdas e estratégias, mas ainda guiado pela fé na transformação social. O contraste entre os dois atores constrói uma linha contínua de resistência.
Para o diretor e idealizador Allan Oliver, a montagem parte de uma urgência pessoal. Ele revela ter sido alvo de uma falsa acusação que comprometeu sua trajetória, mesmo após provar inocência na Justiça. “Ao olhar para a história de Carlos Marighella, vi não só um símbolo da resistência, mas um espelho da minha própria dor. Esse espetáculo é minha resposta. É um grito contra as mentiras que criam sobre nós”, afirma. A obra denuncia o racismo estrutural e o silenciamento sistemático de corpos pretos e dissidentes, propondo memória, justiça e empatia.
Fábio Neppo, que vive Marighella adulto, destaca a responsabilidade de representar o personagem. “É um herói mulato que merece ser reconhecido. Estou muito honrado em participar dessa celebração de mais uma figura ilustre que lutou contra a ditadura, pelo povo, pelos seus.” Já Pietro Cadete, em seu primeiro papel protagonista, diz que o processo o transformou: “Nunca sorri e aprendi tanto em um projeto. Acredito que muitas pessoas querem ouvir essa história, talvez com outros pontos de vista.”
O espetáculo também conta com um elenco simbólico e político. João Victor Gonçalves interpreta Jorge Amado, enquanto Eduardo Saad dá vida a Fidel Castro. Personagens como Clara Charf, Sérgio Fleury, Oscar Niemeyer, Maria Rita e Augusto Marighella compõem esse mosaico narrativo. Para a diretora Graça Cunha, todos têm algo a dizer sobre o passado e o futuro: “O espetáculo tensiona as versões da história, mas também convoca à ação.”
Serviço
Temporada: de 9 de maio a 22 de junho
Local: Teatro Paiol Cultural
Endereço: R. Amaral Gurgel, 164 – Vila Buarque, São Paulo – SP
Sessões: Sextas e sábados às 20h30, domingos às 19h
Duração: 1h40
Classificação: 12 anos
Ingressos: R$ 80 (inteira), R$ 40 (meia), R$ 60 (solidário com 1kg de alimento)
Venda online: Sympla
Instagram: @marighella.espetaculo
Fique por dentro das novidades das maiores marcas do mundo! Acesse nosso site Marca Pop e descubra as tendências em primeira mão.