“Marty Supreme” se posiciona como um dos projetos mais ambiciosos da carreira de Josh Safdie. A produção marca sua primeira jornada solo desde “The Pleasure of Being Robbed”, de 2008, e consolida uma nova fase dentro da A24 ao se tornar o filme mais caro da história do estúdio, com orçamento entre 60 e 70 milhões de dólares. Um investimento que se traduz em escala, rigor técnico e uma força criativa que nasce de uma combinação pouco comum: o espírito obsessivo da cultura de Nova York dos anos 1950 e o magnetismo particular de Timothée Chalamet em um papel que críticos já classificam como o momento definidor da carreira do ator.
O filme teve sua estreia mundial na seleção Main Slate do New York Film Festival, em 6 de outubro de 2025, elemento central na trajetória do projeto e ponto que se torna vital para entender sua recepção. A exibição foi celebrada pela crítica especializada e levou “Marty Supreme” a figurar entre os dez melhores filmes de 2025, segundo o National Board of Review e o American Film Institute. Nos Estados Unidos, a estreia está marcada pela A24 para 25 de dezembro de 2025, enquanto o lançamento brasileiro acontece em janeiro de 2026, com distribuição da Diamond Films.
Em São Paulo, a Diamond Films organizou um evento exclusivo para jornalistas e convidados com presença de Josh Safdie e Timothée Chalamet, reforçando o impacto internacional do projeto e a aposta da distribuidora em posicionar “Marty Supreme” como um dos grandes lançamentos do início de 2026 nos cinemas brasileiros.

A narrativa acompanha Marty Mauser, jovem talento do tênis de mesa que atravessa os recortes mais luminosos e sombrios de Nova York em busca de grandeza. Safdie e Ronald Bronstein transformam a figura real de Marty Reisman em ponto de partida para uma ficção cheia de energia, contradição, ambição e textura emocional, cuidadosamente ambientada nos anos 1950 e concebida como um drama esportivo com fôlego de epopeia urbana.
Josh Safdie explicou, no evento, que a relação com o tênis de mesa surgiu ainda na infância, quando jogadores excêntricos frequentavam a casa dos avós no Lower East Side. Décadas depois, sua esposa, Sara Rossein, lhe presenteou com a autobiografia de Reisman, “The Money Player”, e o gesto abriu caminho para que Safdie enxergasse em Chalamet a ponte entre personagem e essência. O diretor narra que, ao conhecer o ator em 2017, percebeu alguém que “tentava pular da própria pele”, tomado por inquietude e visão de mundo expansiva, características que moldaram o próprio Marty Mauser.
Timothée Chalamet mergulhou no projeto desde os primeiros rascunhos, treinou por meses com especialistas como Diego Schaaf e a ex-olímpica Wei Wang e ainda executou parte dos próprios stunts. Safdie levou o comprometimento a um nível sensorial intenso e fez o ator usar duas camadas de lentes corretivas, com graus negativos diferentes, criando um efeito de visão distorcida que influenciava sua postura, seu caminhar e seu próprio entendimento corporal da personagem. Chalamet comentou que a experiência “empoderou” seu processo artístico, oferecendo um espaço profundo de descoberta interna e liberdade criativa.
O diretor reforça que a busca estética tinha um objetivo claro: transformar cada detalhe em terreno para emoções atravessarem gerações. Darius Khondji, colaborador de “Uncut Gems”, assinou a fotografia em 35mm com lentes anamórficas vintage, enquanto Jack Fisk desenvolveu uma direção de arte absolutamente minuciosa. Safdie revela que escolheu um a um os 3.500 figurantes que aparecem no longa, movido pela convicção de que “um único rosto errado” comprometeria a integridade visual da obra. O resultado é uma reconstrução de época que respira autenticidade e, ao mesmo tempo, dialoga com sensibilidades contemporâneas.
O processo de criação e atuação se desenvolveu com abertura, improviso controlado e espaço emocional para que Chalamet encontrasse a voz de Marty sem amarras. O ator afirma que nunca havia vivido um set tão disposto a permitir que o personagem existisse sem compromissos morais ou expectativas de simpatia. Marty Mauser atravessa estados psicológicos extremos, expressos em ações ambíguas, decisões impulsivas e momentos de humanidade crua, alinhados à visão de Safdie, que buscava capturar a complexidade universal das emoções humanas.
O diretor comenta que o cinema se sustenta sobre a capacidade de traduzir subjetividades e que essa premissa guiou a construção de todas as cenas. Para ele, a história fala sobre desejo, arrebatamento, ambição e as contradições que moldam cada pessoa, independentemente da época. A Nova York dos anos 1950 serve como palco e também como personagem, impregnada de movimento, suor, sonho e tensão.
O filme opera na interseção entre espetáculo e intimidade, entre o clássico e o visceral, entre a memória e o presente. A sinergia entre Safdie e Chalamet resulta em uma obra carregada de fisicalidade, camadas e intensidade emocional. A jornada de Marty Mauser se torna uma parábola sobre obsessão, busca por identidade, transcendência e a estranha beleza do impulso humano por grandeza.
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