O músico e compositor mineiro Matheus Brant mergulha na linguagem do pagode, renovando o gênero com reverência, mas também personalidade em seu terceiro álbum, “Cola Comigo”. O disco foi produzido, gravado e mixado por Fabio Pinczowski no Estúdio 12 Dólares, em São Paulo.
Além de músico e compositor, é também advogado e escritor (“A música e o vazio no Trabalho – Reflexões jurídicas a partir de Hannah Arendt”, 2014). A facilidade com que transita por temáticas e personagens em suas composições é fruto da sua personalidade criativa e de uma caneta versátil.
Criador do bloco “Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro” em 2014, no renascido e vigoroso carnaval de rua de Belo Horizonte, Matheus adensou o seu contato com a efervescente cena musical mineira, moldando o seu repertório para o universo do pagode.
“Cola Comigo” é o segundo álbum de uma trilogia inspirada nos pagodes dos anos 90. O primeiro foi “Assume que Gosta”, lançado em 2016 e que em 2018 ganhou edição especial em vinil. Confira entrevista ao Caderno Pop:
A gente sabe que fazer música no Brasil não é fácil e ainda mais de forma independente. Você libera todo o material no seu site, pra download gratuito. Isso mostra que realmente é por amor. Você encara a música mais como um hobby ou uma profissão, paralelamente com a de advogado e escritor?
Como uma profissão. O fato de eu liberar todo o conteúdo para download de forma gratuita no meu site tem pouca relevância financeira. É que hoje em dia o sustento do artista vem principalmente de shows e não mais da venda de discos.
Continuando a pergunta anterior, a produção, viagem a SP, enfim, todo o gasto com as gravações, é bancada por você ou já tá rolando apoio de alguma gravadora, patrocínio de algum projeto?
Exclusivamente por mim, com o dinheiro que ganho como advogado e também com o Bloco Me Beija Que Eu Sou Pagodeiro do qual sou fundador, produtor e músico.
O segundo álbum você optou por lançar uma quantidade limitada em vinil, pra colecionador. Vai rolar algo parecido para o “Cola Comigo”?
Tenho essa vontade sim, mas vai depender de eu conseguir dinheiro para isso. Ainda é muito caro.
Nessa trilogia de discos, lançando um mais ou menos no intervalo de um ano cada, já tem material pronto pro próximo?
Na verdade o intervalo foi maior do que um ano, mas como compositor eu não paro de criar. É uma necessidade.
Em BH o “Me beija que eu sou pagodeiro” já virou tradição no carnaval e pré-carnaval. Como foi esse ano na cidade?
O carnaval de rua de BH possui uma característica que o diferencia dos demais do país e que me orgulha muito: politizado. Este ano crescemos em número mas também nesse aspecto. Nossa luta agora tem sido defender uma maior valorização, inclusive financeira, de todos os atores que constroem essa festa. Temos gerado um aquecimento econômico com benefícios para toda a coletividade, incluído aí o poder público, mas nós mesmos não temos recebido a devida fatia.
Assista “Juntos”: