Foram 16 anos de espera – tanto para os fãs quanto para o próprio Junior. O disco era pra ter saído mais cedo e gravado fora do Brasil, mas os planos foram afetados pela pandemia. O resultado veio na noite deste domingo (29) com o álbum “Solo (Vol. 1)”. O próprio nome já diz. Ainda vem outra parte. São composições trabalhadas desde 2020 e que ganharam forma no último trimestre de 2022, em Campinas.
De um total de 54 músicas, foram pinçadas dez para este primeiro volume. Outras 11 (mais dois interlúdios) irão entrar na parte dois. “Eu fui conhecer o meu disco e entender exatamente sobre o ele falava depois de três anos de processo”, conta.
Junior ainda convidou um time de compositores e produtores, frequentou acampampamentos e fez várias sessões à procura de um álbum que mostrasse o artista em sua essência. Seu pai, Xororó, também participa assinando algumas das faixas. Confira:
Em um encontro virtual com fãs e jornalistas nesta segunda-feira (30), Junior falou sobre todo o processo de criação do disco, a participação da família na decisão, principalmente Sandy e Xororó, e das composições. O disco é uma forma de libertação e, como conta o próprio artista no material de lançamento: “Com estas músicas, eu conto um pouco da minha história. As minhas dores, as minhas alegrias, as frustrações, as barreiras. Claro, com licença poética, me permitindo outras perspectivas, mas sempre baseado no que eu vivi e observei. Estou presente em cada vírgula deste disco. E isso é foda”.
A paternidade – Junior é pai de Otto e Lara – também é uma grande influência para as composições, que segundo ele, foi um contato com suas emoções, muito presentes em “O Dom” e “Novo Olhar”. É esse misto de emoções que Junior retrata em uma das canções, chamada “Foda-se”, em que ele versos de Dani Black, transformados em música.
O que você faria?
O que você seria se ligasse um foda-se total
100% ‘pro que os outros pensam de você?
O que você faria? O que você seria?
Questionado se a faixa foi composta em um dia de fúria, se era uma forma de extravasar todas as críticas que recebeu durante a carreira, e se guardava mágoas de tudo isso, o artista explicou que fez a base de “Foda-se” toda instrumental e veio a ideia de fazê-la ‘falada’. “Tinha que ser uma força, uma potência, que justificasse no meio do disco ter uma música toda falada. E eu lembrei que tinha visto no Instagram um post do Dani Black lendo esse texto, meio que recitando, falando umas frases que ele tinha escrito. No dia que eu vi, fiquei impactado. Dei um toque nele. O texto estava praticamente todo pronto. O que eu acabei fazendo foi criar os refrões e musicar. Eu acho que não trata tanto das mágoas específicas essa música. Ela trata desse movimento de me ver livre de tudo isso. Dessa cura, desse processo de… chega uma hora que a gente entende que foda-se. Eu tô perto dos 40, é o momento que a gente entende o que importa e não importa de verdade. Na turnê com a minha irmã, em 2019, eu tive uma grande oportunidade de fazer as pazes com muitas dessas coisas. Não sei se hoje em dia eu tenho mágoa ainda. Eu tenho marcas, tenho minhas cicatrizes”, conta.
O disco chega com um clipe, em que Junior mostra seu lado baterista na faixa “De Volta Pra Casa”. Confira:
Acostumado a coproduzir discos desde “Identidade” (2003), Junior assina a produção de todas as faixas do álbum junto com Felipe Vassão e Lucs Romero. O time de colaboradores tem Thalles Horovitz, Lucas Vaz, a hitmaker mineira Bibi, a jovem curitibana Vivian Kuczynski, a outra curitibana, Jenny Mosello, a carioca Bárbara Dias, além de Pablo Bispo e Ruxell.