Amazônia na encruzilhada, novo livro de Míriam Leitão, está sendo lançado pela Intrínseca em 31 de agosto. É uma ampla reportagem sobre os avanços e os retrocessos da luta do Brasil contra o desmatamento, com bastidores da política ambiental, com viagens à Amazônia e entrevistas com os principais especialistas. A jornalista sustenta, com base em dados, que esse é o momento mais dramático da nossa relação com a Amazônia. Ainda há tempo, mas não muito tempo.
Maior floresta tropical do mundo, maior reservatório de água doce, maior patrimônio de biodiversidade do planeta, o mais completo dos ecossistemas da Terra — um bioma que é, em si, uma coleção de biomas —, a Amazônia submete quem a estuda a uma posição de humildade, diz a autora. Sua existência é a garantia de que chova em outras partes do Brasil e de que o próprio planeta seja habitável. Seu passado nos últimos anos tem sido repensado, e acredita-se que a presença humana na floresta seja mais antiga do que se sabia até então. Os próprios conceitos de Amazônia se confundem: pode-se estar falando da Amazônia Legal, do bioma amazônico no Brasil ou da Pan-Amazônia sul-americana.
Como repórter e comentarista da área econômica, Míriam Leitão viu nos últimos anos a questão ambiental e climática invadir a lógica econômica, e a economia chegar, aos poucos, aos debates ambientais, quando essas conexões ainda não eram tão evidentes. Em Amazônia na encruzilhada, a jornalista revela como, depois de dez anos de sucesso no combate ao desmatamento, o Brasil regrediu e passou a ter nova elevação do desmate. Com pesquisas, entrevistas e apurações iniciadas pela autora ainda no confinamento da pandemia de covid-19, a obra traça um panorama sobre como opera o crime na Amazônia e de que forma reagem as várias forças policiais, o Ministério Público Federal e os órgãos ambientais. Registra também o avanço nas tecnologias de satélites e de comunicação que possibilitaram “ver” melhor a Amazônia. Míriam Leitão também traz para o debate líderes indígenas, cientistas, economistas, ambientalistas, produtores rurais, inclusive os pequenos produtores que vivem em paz com a floresta. “No encontro do capital com a floresta, da ciência com os indígenas, do ambientalismo com os produtores, há muita novidade, há muita vida. E foi isso que eu fui buscar para relatar aos leitores.”
Amazônia na encruzilhada é resultado de um trabalho de apuração rigoroso que une o treino da jornalista com a capacidade literária da escritora. A obra mostra a urgência da proteção da floresta, em tempos de mudança climática, e os riscos que o Brasil e o mundo correm com a sua destruição. Ao entrelaçar diferentes fontes, fatos históricos e reflexões, Míriam Leitão convida o leitor e as instituições a buscarem caminhos possíveis, antes que cheguemos a um ponto irreversível.