“Insch’Allah!”, “Né brinquedo não!” e “Cada mergulho é um flash!”. A partir de outubro, esses e muitos outros bordões estarão de volta à TV Globo, no ‘Vale a Pena Ver de Novo’. Prestes a completar 20 anos de sua primeira exibição, ‘O Clone’ trouxe ao grande público, em 2001, assuntos pouco explorados na teledramaturgia da época, como a clonagem humana que partiu da curiosidade da autora Glória Perez pelo caso da ovelha Dolly – e a cultura árabe, retratada através dos costumes das famílias que moravam no Marrocos. O islâmismo, os papéis masculino e feminino na sociedade, a dança, a língua, a culinária e as cerimônias marroquinas são pano de fundo para uma grande história de amor. A novela também conta com muitos momentos de humor, debates sobre dependência química, amores proibidos, inseminação artificial, fé, ciência e religião, e personagens emblemáticos.
Neste trabalho, a atriz Giovanna Antonelli interpretou Jade, sua primeira protagonista em novelas. A personagem gerou interesse e aproximou o brasileiro da cultura muçulmana ao lado de outros que ficaram marcados, como Nazira (Eliane Giardini), Zoraide (Jandira Martini), Khadija (Carla Diaz), Tio Ali (Stênio Garcia), Said (Dalton Vigh), Tio Abdul (Sebastião Vasconcellos), Mohamed (Antonio Calloni), Latiffa (Letícia Sabatella), Ranya (Nívea Stelmann), Mustafá (Perry Salles) e Zein (Luciano Szafir). Giovanna Antonelli também ditou moda com seu figurino, maquiagem e acessórios de inspiração árabe.
Os bordões são outro capítulo da obra. Dona Jura (Solange Couto) com seu “Né brinquedo não!”, Odete (Mara Manzan) com “Cada mergulho é um flash!” e Ligeirinho (Eri Johnson) com “Bom te ver!”, assim como as expressões “Maktub”, “mulher espetaculosa”, “arder no mármore do inferno”, “fazer a exposição da figura” e “jogar ao vento”, que entraram no cotidiano dos brasileiros.
A produção também se destacou por paisagens deslumbrantes e por apresentar o Marrocos ao público brasileiro. As primeiras cenas foram gravadas em cinco cidades do país, em locações como as ruínas do kasbah Ait Ben Hadou, em Ouarzazate, o mercado de camelos de Marrakech, a cisterna portuguesa de El Jadida e a milenar Medina de Fez, que serviu de referência para a cidade cenográfica marroquina nos Estúdios Globo. As cenas finais, que mostram o desfecho dos personagens Albieri (Juca de Oliveira) e Leo (Murilo Benício), foram gravadas nos Lençóis Maranhenses, representando o deserto do Saara.
A novela foi o único título brasileiro em uma seleção dos principais programas da televisão nos últimos 50 anos feita pela The WIT, empresa especializada em rastrear o mundo em busca de tendências de conteúdo de televisão e programação digital, em Cannes, na França, onde aparece como a melhor produção de 2001. Além do sucesso no Brasil, ela foi vendida para mais de 100 países, incluindo Argentina, Chile, Colômbia, El Salvador, Moçambique, Peru e Romênia. Foi recorde de audiência no Kosovo e sucesso na Sérvia, Rússia e Albânia. A obra também conquistou três categorias do Prêmio Inte (Indústria de la Televisión em Español), considerado um dos mais importantes do mercado latino: melhor novela, melhor autora e melhor atriz com Giovanna Antonelli. No Brasil, Eliane Giardini recebeu o prêmio de melhor atriz por sua interpretação da muçulmana Nazira, e Sthefany Brito, o prêmio de revelação pelo papel de Yasmin, em 2002, pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
A trama:
A história acompanha a trajetória de vida de Jade (Giovanna Antonelli) e Lucas (Murilo Benício). Em 1980, ela, brasileira filha de muçulmanos, é obrigada a se mudar para o Marrocos após a morte de sua mãe, Sálua (Walderez de Barros). Jade se sente uma estrangeira no Brasil e também no Marrocos, com dificuldades de se adaptar a cultura local. Lá, ela se apaixona pelo brasileiro Lucas, que está viajando em companhia de seu irmão gêmeo, Diogo, do pai Leônidas (Reginaldo Faria) e sua namorada, Yvete (Vera Fisher), e do cientista Albieri (Juca de Oliveira), que já trabalha com clonagem de gado.
Por conta da religião, Jade não pode namorar, muito menos um ocidental. Mesmo assim, ela e Lucas se encontram às escondidas e fazem juras de amor eterno. Mas seu tio Ali (Stênio Garcia) tem planos de casar a moça com Said (Dalton Vigh), um promissor comerciante marroquino. Yvete chega ao Marrocos um dia antes do noivo e se envolve com Diogo (Murilo Benício) que, sem saber, é filho de Leônidas. A traição resultará na briga entre pai e filho, que culminará no acidente aéreo que matará Diogo. Inconformado com a morte do afilhado favorito, Albieri toma coragem para fazer uma experiência de clonagem humana. A partir de células de Lucas, o geneticista faz o primeiro clone humano, cujo embrião é implantado acidentalmente na barriga de Deusa (Adriana Lessa), que sonha em ser mãe.
Os segredos do amor de Jade e Lucas e da clonagem de Albieri guiarão toda a trama. No futuro, 20 anos depois, Jade conhecerá Léo (Murilo Benício) e reviverá a paixão por Lucas através do clone.
Em paralelo com a trama principal, núcleos como o do bairro de São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro, garantem os momentos divertidos da história. É lá que está localizado o bar da Dona Jura (Solange Couto), ponto de encontro dos moradores e espaço para a participação de várias personalidades nas gravações, entre músicos e esportistas, como Pelé. A gafieira Estudantina, frequentada por Deusa e Edvaldo (Roberto Bomfim), é outro cenário recorrente na trama.
‘O Clone’ é escrita por Glória Perez, com direção artística e geral de Jayme Monjardim, direção geral de Mário Márcio Bandarra e Marcos Schechtmann, e direção de Teresa Lampreia e Marcelo Travesso, e traz ainda no elenco, Débora Falabella, Antonio Calloni, Letícia Sabatella, Marcello Novaes, Neuza Borges, Cristiana Oliveira, Cissa Guimarães, Marcos Frota, Osmar Prado, Victor Fasano, Beth Goulart, Luciano Szafir, Nívea Stelmann, Raul Gazola, Juliana Paes, Roberto Bonfim, Totia Meirelles, Elizângela, entre outros.