O Zig Festival tomou a Fabriketa, em São Paulo, com sua segunda edição e uma estrutura ambiciosa que ocupou o Brás por treze horas seguidas. Entre atrações nacionais e internacionais, o festival montou um ecossistema que mistura cultura LGBTQIAPN+, som de pista, pop de vanguarda e uma energia que só existe quando a cidade abre espaço para a liberdade coletiva. E dentro dessa maratona intensa, foi o show de Rose Gray que realmente virou assunto.

Com “Louder, Please” já consolidado como um dos discos pop alternativos mais comentados do ano, Rose chegou ao Brasil com um repertório pensado para o palco, ajustado para grandes eventos e carregado de camadas clubber que funcionam de forma exemplar ao vivo. O show não seguiu a lógica de apresentação introdutória. Entrou direto como a performance de uma artista que entende o próprio momento e que sabe o valor da estética rave-pop que vem moldando sua trajetória.
A apresentação ganhou força já nos primeiros minutos. A voz cristalina, extremamente precisa e guiada por uma técnica que mistura leveza e pressão emocional, sustentou cada faixa. O público reagiu rápido. Em poucos instantes, a Fabriketa virou uma pista unificada, uma massa guiada pela batida nervosa que acompanha os arranjos de estúdio da cantora. Os graves vieram secos, a estética eletrônica apareceu com clareza e o show assumiu um corpo mais físico, com transições pensadas e refrões que pedem gritos e entrega.
O espetáculo reforça uma tendência crescente do pop internacional. Desde “Brat”, de Charli xcx, o diálogo entre pop e clubber ganhou força e deixou de ser detalhe estético. Virou linguagem central. Rose Gray trabalha exatamente nesse espaço e expande esse território com firmeza. Suas músicas são diretas, cheias de textura, estruturadas em camadas que conversam com a história dos clubes britânicos e com a sensibilidade emocional da nova geração. Ao vivo, tudo isso se intensifica. Há clareza melódica, mas também um peso que prende. A artista gosta de tensão. Gosta de construir lentidão antes do impacto. Gosta de desafiar o público a seguir a pulsação até o limite.
O público brasileiro, acostumado a abraçar artistas que dominam palco de pista, devolveu a energia na mesma medida. A cantora reagiu a isso com naturalidade. Sorriu, dançou, vibrou junto e se surpreendeu com a recepção. A conexão esteve presente do início ao fim, especialmente nas faixas que misturam vulnerabilidade com força rítmica. Esse equilíbrio entre emoção e euforia explica boa parte do impacto que Rose vem causando desde que chegou às plataformas globais. No Brasil, funcionou sem esforço.
O Zig Festival, por sua vez, entendeu a importância de posicionar artistas como Rose Gray em um ambiente que celebra a cultura queer, a diversidade sonora e a renovação da pista. O evento já carrega reputação por unir grandes nomes internacionais com talentos nacionais que reforçam a potência da cena clubber brasileira. No entanto, foi a performance da britânica que sintetizou esse espírito com mais intensidade. Rose entregou o show mais marcante da noite, tanto pelo domínio vocal quanto pela arquitetura musical que trouxe para o palco.
O festival ainda contou com nomes como COBRAH, Bree Runway, Duda Beat, Isma, Katy da Voz e as Abusadas e uma sequência de DJ sets que reforçaram o DNA da Zig. A soma de tudo isso criou uma edição plural e alinhada com o momento atual do pop global. Mas a noite tem nome, e ele ficou registrado no palco principal.
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