“Ando sempre com uma câmera na mão”: Mihay conta sobre paixão por clipes e cinema

Foto: Marcio Menance

Sempre com muitas e uma câmera na mão, o cantor e compositor carioca Mihay gosta de dirigir e editar os próprios clipes. Ele também já assinou clipes de vários artistas. “Minha escola foi o cinema novo de Glauber Rocha”, contou em entrevista ao Caderno Pop. Mihay acabou de lançar o álbum “Maré Vermelha”, que conta com as participações de Romulo Fróes, Assucena, Thiago Pethit e com uma das últimas canções escritas por João Donato.

São 10 faixas, sendo nove autorais, produzidas por Marcus Preto e Lucas Vasconcellos. As faixas “Coração no Lixo” e “Coração Dilacerado” ganharam um clipe cada uma, já disponível no YouTube do cantor. “Essa semana terminei de editar meu clipe novo da música ‘Vento’ que será lançado em breve”, adianta.

Mihay é destaque no cenário independente com seus quatro álbuns lançados. Já compôs ao lado de artistas como João Donato, Tulipa Ruiz, Luísa Maita, Alexandre Kassim e Mariana Aydar. Com João Donato, inclusive, já excursionou pela Europa e participou de dois discos do pianista.

Neto do pintor, compositor e violinista húngaro Mihay, de quem herdou o nome, e sobrinho de Pedro Mourão, integrante do grupo paulistano Rumo, Mihay já trabalhou como roteirista e diretor de diversos clipes musicais de artistas como Chico César, Elba Ramalho e João Bosco. Confira o nosso papo com o artista:

Você contou que teve uma “maré vermelha” na criação de sete canções do disco. Essas músicas retratam, também, uma “maré vermelha” na vida pessoal? Acha que, de alguma forma, essa fase contribuiu para uma evolução pessoal, por exemplo?
Com certeza. Acho que quem não evoluiu nessa pandemia, perdeu uma grande oportunidade de olhar pra dentro. Acredito que toda crise vem pra uma possível evolução. O planeta todo parou por conta da pandemia e tivemos que rever nossa maneira de viver, de interagir, de pensar e passamos a ver a vida com outros olhos. Nossa relação com o consumo, com o próprio capitalismo, com a política, com o planeta, com nosso corpo, com o outro: tudo mudou para sempre.

O disco traz um ponto muito saudosista, que é também uma homenagem, a participação do João Donato. Vocês já se colaboraram outras vezes antes e queria saber mais dessa relação entre vocês. Tem mais material inédito dele entre as suas músicas?
João Donato foi uma benção na minha vida. Fomos vizinhos por 13 anos e ficamos muito amigos e parceiros. Sempre aprendi muito com o João. No disco “Amor em Tempos Nublados” promovi um encontro inédito dele com o Chico César na faixa “O Fogo, a Foto, o Photoshop”. O João no piano e o Chico cantando comigo. O Donato esteve presente em todos os meus álbuns anteriores e não poderia faltar no “Maré Vermelha”, cantando comigo. Nos últimos anos, Donatão já me deu a honra não apenas de gravar no disco dele, mas também de cantarmos em uma turnê internacional em que fomos de Lisboa a Moscou, de Paris a Montreux. Um mês antes de ele partir, gravamos juntos duas de suas últimas composições, ambas parcerias nossas. As duas foram produzida pelo Guto Brant. Uma seguirá inédita para ser lançada como single mais adiante, já que não tinha muita relação com a temática de Maré Vermelha. Mas “João e Mariá”, feita com nosso parceiro Romulo Ferreira, está totalmente imersa na atmosfera do álbum.

Já foram dois clipes lançados desse disco e você disse que quer fazer outros do álbum. Já tem uma ideia, roteiro ou um esboço de como seriam os clipes das outras faixas? O que gostaria de fazer neles e para eles?
Sim, tenho muitas “ideias na cabeça” e ando sempre com “uma câmera na mão”. Minha escola foi o cinema novo de Glauber Rocha. Descobri e me apaixonei por sua obra na faculdade de cinema que fiz depois de me formar em artes cênicas. Antes do disco, lancei dois clipes novos, um com Assucena e Thiago Pethit, dirigido por mim e pela Pri Garcia e outro dirigido e editado por mim, feito com imagens de um drone pilotado pelo fotógrafo português Nuno Rodriguez. Essa semana terminei de editar meu clipe novo da música “Vento” que será lançado em breve. Gravamos o clipe no quadrado da Urca. O roteiro é bem simples, a beleza tá mas imagens de um grupo de amigos jogando bola numa praça, uns garotos pulando da ponte e eu apareço passeando de bicicleta a caminho desse encontro com os amigos. Pra esse clipe, convidei a Lara Lazaretti e o Almir Chiaratti pra dirigirem comigo e dividirem a fotografia.

Falando em clipes, você já assinou vários vídeos anteriormente e queria saber como é cuidar dos próprios vídeos.
Acho que dirigir, roteirizar, filmar e editar meus próprios clipes faz parte do meu trabalho autoral. Meus discos são sempre autorais então faz muito sentido pra mim fazer todo o resto. Meu desafio maior é dirigir o clipe de outros artistas. É como se eu estivesse interpretando a música de outro compositor, é uma responsabilidade maior mas como adoro um desafio, sempre encaro com uma missão. Já tive a alegria de dirigir clipes pra artistas como Chico César, Mariana Aydar, Romulo Froes, Iara Rennó, entre outros. Recentemente tive a honra de dirigir o clipe da diva Alaíde Costa de uma música dela em parceria com Nando Reis.

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