O mais recente disco da cantora brasileira Duda Beat “Tara e Tal”, lançado em 11 de abril, representa uma notável evolução musical. Mantendo uma pegada eletrônica vibrante, Duda explora temas de vulnerabilidade e empoderamento feminino de forma eficiente. Com uma mistura única de estilos que combina elementos dos anos 90 e 2000 com música eletrônica contemporânea, o álbum proporciona uma jornada emocionalmente envolvente. Abordando questões de relacionamentos e crescimento pessoal, “Tara e Tal” culmina em uma celebração da resiliência e força feminina. Mais do que apenas um convite para a pista de dança, o álbum convida à reflexão sobre a complexidade da vida humana.
O novo álbum de Duda Beat soa como algo lúdico e ao mesmo tempo realista. A produção afinada e as composições bem pontuadas, junto com uma continuidade linear, posicionam o ouvinte numa pista de dança que pode levá-lo tanto aos prazeres do conhecimento do poder feminino quanto a um lugar de lacunas causadas por um momento apocalíptico. O disco reflete sobre amor e poder de forma eficiente e sensual. Duda apresenta interpretações bem encaixadas com sua voz poderosa em uma coleção de músicas características de sua arte. O álbum pode ser facilmente comparado com seus trabalhos anteriores, mas não como uma cópia, e sim como um ato de avanço e continuidade. No entanto, senti falta de mais parcerias e músicas mais “fora do tom”. Por exemplo, estamos falando sobre um disco bem experimental, poderia ter ousado um pouco mais e talvez até expandindo um pouco mais a perspectiva. O disco possui 12 faixas e 37 minutos, e apesar da tendência atual, pede por uma continuidade maior. No entanto, os detalhes em questão em nada interferem diretamente na experiência auditiva. O disco faz você dançar, pensar, chorar? Rir? Bem, é realmente uma viagem cheia de possibilidades.
Sobre a capa:
A capa do disco é extremamente artística e lúdica, combinando com a ideia desenvolvida no disco. Nela, Duda Beat aparece posicionada em meio ao caos em um tom melancólico. Uma canção inclusive que diz muito sobre a capa é a faixa “Desapaixonar”. Neste caso, sugiro que ouça a canção e sinta exatamente o que é sintetizado nesta obra de arte. Vale também comentar que a arte como um todo me recorda os quadros discursivos muito populares em casas brasileiras nos anos 90.
Desenvolvimento visual:
Até o presente momento, o disco possui os seguintes clipes:
Saudade de você:
Responsável por introduzir o público em sua jornada visual, o clipe apresenta Duda Beat em cortes rápidos e planos curtos, que casam perfeitamente com a narrativa do disco. O clipe é sensual e transmite a ideia centralizada no disco. Duda Beat é conhecida por ter uma identidade visual muito forte dentro do mercado musical brasileiro, e ela faz bom uso de sua recuperação e sua perspectiva criativa. O clipe é simples, porém bem pontuado.
Preparada (Visualizer):
Apesar de não ser efetivamente um clipe, o visualizer entrega bastante cor e um teor ainda mais sensual e poderoso. A obra corrobora uma tendência atual do mercado, de aquecer o disco comercialmente usando uma ferramenta mais simples e pontuada, sem deixar que a identidade visual estabelecida seja jogada de lado.
Na tua cabeça:
Aqui temos Duda Beat em sua essência visual. O clipe fala sobre amor, fala sobre beleza e conta história através de sua fotografia e cores vibrantes. Sendo, em meu ponto de vista, um dos clipes mais divertidamente simples desenvolvidos pela artista, é incrível como ele conversa bem com o contexto da composição e seu roteiro. Por mais simplista que pareça, ele conta toda uma narrativa sobre amor, sobre estar apaixonado. Tem certas coisas que realmente não se explicam, não é? Esse tipo de produção aproxima o artista de seu público. Chega a ser quase irresistível não querer dar uma volta por aí com a Duda Beat.
As favoritas do Caderno Pop:
Respeitando a linha de numerologia, separemos nossas 3 faixas favoritas:
Saudade de Você:
Estamos vivendo em uma discoteca do fim do mundo, dançando enquanto tudo acaba. A música transporta para a segunda fase, te leva ao ápice. A estrutura do som, o refrão, tudo é bem pontuado e liberador.
Desapaixonar:
Afinal, quem não passou ou está passando por um sufoco amoroso? A música basicamente explora as fases do luto de quem levou um belo pé na bunda, ou até mesmo deu um (risos). A batida mais agressiva, a letra combinada em um “flow” característico da obra de Duda Beat. O refrão é como um grito de socorro em meio ao caos dos corações partidos.
Na Tua Cabeça:
Se você é do tipo de fã ainda meio apegado às experiências sonoras da Duda Beat de discos passados, minha sugestão é começar por aqui. A música é bem característica, tem atos mais lentos, transição de instrumentos e muita exploração do melhor que a arte de Duda Beat pode entregar.
Lançamento: 11 de abril de 2024
Gravadora: Universal Music
Compositores: Duda Beat, Lucio Maia, Tomás Tróia, Lux Ferreira, Chico Science, Vitor Tosta Carpintéro e Liniker.
Produtores: Duda Beat, Tomás Tróia e Lux
Duração: 37 minutos com 12 faixas.
Faixas: Saudade de Você, Preparada, Drama, Q Prazer, Doidinha, Teu Beijo, Desapaixonar, Por Aí Mozão, Night Maré, Baby, Quem Me Dera, com participação da cantora Liniker, e Na Tua Cabeça.
Nota final: 93/100
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