A apresentação da banda escocesa Travis em São Paulo, no dia 5 de novembro, foi uma viagem entre nostalgia e maturidade, um reencontro com um som que embala há décadas os momentos marcantes de quem cresceu ouvindo seu rock melódico. Formada nos anos 90 em Glasgow, a banda definiu uma era do britpop, influenciando nomes como Coldplay e Snow Patrol, inspirando uma geração com composições mais emotivas. Na casa de shows Audio, conhecida pela excelente acústica, o Travis entregou uma experiência sonora bem pontuada, onde cada acorde, cada palavra, atingiu o público de forma precisa e aprofundada.
Desde o início, o vocalista Fran Healy estabeleceu uma conexão única com os fãs, comentando com bom humor sobre as eleições americanas e a volta do Oasis, em uma referência perfeita para a plateia, especialmente com o anúncio recente dos shows dos Gallagher em São Paulo, em 2025. A escolha de uma produção visual simples trouxe um efeito poderoso: sem distrações, o show foi direto ao ponto, centrado na entrega musical e na energia genuína da banda, que nunca precisou de grandes efeitos para impressionar.
O setlist foi uma narrativa bem elaborada que explorou faixas do novo álbum, “L.A. Times”, mostrando um Travis maduro, além dos grandes sucessos da carreira. Com músicas como “Gaslight” e “Naked in New York City” ao lado de hits como “Why Does It Always Rain on Me?” e “Sing”, o Travis criou um diálogo entre passado e presente, mantendo a identidade que sempre os destacou. A voz de Fran Healy, marcada pelo tempo mas ainda carregada de emoção, conferiu autenticidade e profundidade a cada verso, transformando cada música em uma história sentida e vivida pelo público.
Um dos momentos mais especiais da noite foi o cover de “Wonderwall“, do Oasis, que a plateia abraçou com entusiasmo, cantando junto e celebrando a escolha certeira da banda, em sintonia com o retorno do Oasis ao Brasil. Outro destaque foi a versão descontraída e divertida de “…Baby One More Time”, de Britney Spears, que trouxe leveza e arrancou risadas dos fãs, mostrando que o Travis ainda sabe surpreender e brincar com sua própria essência.
A qualidade técnica do show foi impecável. Cada instrumento se alinhou perfeitamente à acústica da Audio, permitindo que o som fosse ao mesmo tempo denso e claro, com uma produção quase minimalista que destacava o talento dos músicos. A guitarra de Andy Dunlop, cheia de camadas, contribuiu com uma textura emocional aos clássicos, enquanto o baixo e a bateria mantinham um ritmo preciso e envolvente, sem se sobrepor ao vocal.
No palco da Audio, o Travis mostrou que envelhecer no rock é uma questão de evolução e autenticidade. Eles reafirmaram que longevidade não é apenas manter-se ativo, mas crescer com o público e transformar experiências em música. A apresentação, equilibrando técnica e emoção, provou que o Travis permanece fiel à sua essência, traduzindo vida em arte de forma honesta.