Turnê solo de Samuel Rosa mistura nostalgia com nova fase em show empolgante

O cantor Samuel Rosa, ex-vocalista do Skank, estreou sua nova turnê solo na última sexta-feira (2), no Espaço Unimed, em São Paulo. Aos 58 anos, o músico mineiro trouxe ao palco uma mescla de faixas do seu novo álbum “Rosa” e clássicos do Skank.

O show marcou uma nova etapa na carreira de Samuel Rosa, que se destacou ao longo de três décadas como o frontman de uma das bandas mais icônicas do Brasil. Quero trazer para o show novas músicas que compus ao longo desses anos, muitas já conhecidas pelo grande público, agora tocadas com a assinatura que minha nova banda imprime naturalmente“, afirmou o cantor em comunicado à imprensa.

Além das novas canções, a apresentação foi marcada pela presença de sua esposa, Laura Sarkovas, de 31 anos, com quem está desde 2018. Em janeiro, Rosa anunciou que seria pai novamente, e em março, a pequena Ava veio ao mundo. Seguir carreira solo, deixando o conforto e a segurança do Skank, não foi uma decisão fácil, mas era necessária para ele seguir sua própria identidade artística. “Eu não queria agora buscar compulsivamente fazer algo que eu nunca fiz. Quero exercer o que eu sou“, disse Samuel Rosa.

Samuel Rosa no Espaço Unimed | Foto: Rafael Strabelli / Espaço Unimed

O álbum “Rosa“, lançado no dia 27 de junho nas plataformas digitais, é uma obra autorreferencial, como uma autoafirmação. A arte da capa, criada por Stephan Doitschinoff, traz referências às músicas do repertório. “Rosa” foi produzido de forma imersiva, com menos uso de tecnologia e mais foco na banda tocando, o que resultou em um som mais orgânico e brasileiro.

O processo de composição do álbum foi peculiar. Entre janeiro e fevereiro deste ano, Samuel se isolava no quarto de sua filha, em Belo Horizonte, para compor durante três a quatro horas todas as manhãs. Depois do almoço, ele se reunia com sua nova banda no estúdio para trabalhar nas músicas. “Era disciplina mesmo, eu me comprometi a chegar todos os dias com uma música nova de tarde e mostrar para a banda, ainda que fosse ruim, boa, média, sem julgamentos“, contou ele.

A nova banda de Samuel é formada por Doca Rolim (violão e guitarra), Alexandre Mourão (contrabaixo), Pedro Kremer (teclados) e Marcelo Dai (bateria e percussão). Doca e Alexandre são antigos companheiros de música, o guitarrista o acompanhava no Skank e o contrabaixista estava com Samuel na primeira banda de sua vida. Já Pedro Kremer é conhecido tecladista da banda gaúcha Cachorro Grande e Marcelo Dai, talentoso baterista de uma nova geração, foi apresentado a Samuel por seu filho Juliano. O álbum conta ainda com Daniel Guedes na percussão de algumas faixas.

Samuel divide a produção de “Rosa” com Renato Cipriano, um parceiro de longa data. Os ensaios começaram no estúdio da Associação Querubins, uma entidade sem fins lucrativos dedicada ao desenvolvimento de crianças e jovens por meio da arte, cultura e esporte, em Belo Horizonte.

No palco, Samuel Rosa apresentou faixas como “Segue O Jogo“, do novo álbum, que fala sobre o fim de um relacionamento tratado com leveza. “Você pra um lado/Eu pro outro/Tá tudo certo/Segue o jogo“, canta Samuel no refrão, transmitindo uma sensação de déjà-vu de sucesso infalível. A canção, que retoma o acorde de sétima maior, muito usado pela Bossa Nova, estabelece uma ligação com outras obras compostas por Samuel anteriormente.

Outras canções do álbum, como “Não Tenha Dó“, também exploram temas de desamor. “Você bem que acostumou/Com o meu implorar/Você disfarça, mas gostou/Do meu sofrer“, diz o refrão. Essa faixa ganha um clima sessentista graças ao arranjo de cordas do canadense Owen Pallett, que trabalhou com bandas como Arcade Fire, Duran Duran e REM. “Eu adoro The Last Shadow Puppets, um projeto do Miles Kane com Alex Turner, do Arctic Monkeys. Pedi para que ele fizesse um The Last Shadow of Puppets tropical“, contou Samuel.

O álbum “Rosa” reflete as influências de Erasmo Carlos e Jorge Ben Jor, além de elementos bossanovistas. As letras, que trazem vivências do próprio compositor, falam sobre relações em suas várias vertentes, resultando em uma obra ensolarada, mesmo tratando de temas mais espinhosos dos relacionamentos. Com exceção da faixa “Rio Dentro do Mar“, composta no final da pandemia, essa safra de canções inéditas nasceu de um processo peculiar de composição induzida.

As faixas “Ciranda Seca“, feita para a personagem da série “Cangaço Novo“, e “Bela Amiga“, com letra de Carlos Rennó, mostram a versatilidade de Samuel Rosa como compositor. “Bela Amiga” faz dupla com “Aquela Hora“, duas músicas mais indie rock, mas que também têm uma dose de brasilidade. “Me Dê Você“, outra parceria com Rennó, remete aos primórdios do Skank, apesar de “Rosa” ser um disco menos eletrônico.

Quem acompanhava o Skank certamente está curioso para ver como o cantor irá seguir sua trajetória solo. A autenticidade e a entrega de Samuel Rosa no palco são garantia de que essa nova fase será tão brilhante quanto sua trajetória anterior. Os fãs podem esperar uma turnê cheia de emoções e surpresas, onde o velho e o novo se encontram, criando uma experiência única para todos os apreciadores da música brasileira. O show é realmente impressionante!

Confira também: “Uma Estrela Misteriosa”: Nando Reis anuncia projeto com álbum triplo e shows

Sair da versão mobile