O cantor e compositor Viegas chega nesta semana com o segundo álbum, intitulado “Conexão”. Em mais de 15 anos de carreira musical, o artista apresenta o novo projeto recheado de parcerias, como Maneva, Tati Portella e muitos outros nomes que integram um círculo de relações e referências do cantor.
Como o próprio título sugere, “Conexão” surgiu a partir de um momento de reflexão e internalização de Viegas, que passou a buscar uma leveza, tanto no trabalho autoral, quanto no cotidiano. Principalmente durante o período pandêmico, o cantor começou a tocar violão e teclado quase todos os dias em casa e compor sobre diferentes temas, relacionados a sua essência e conexões pessoais. Nesse período, acabou com mais de quarenta músicas escritas e pediu ajuda dos amigos para selecionar as oito faixas que entraram para o repertório.
Com referências na musicalidade brasileira, desde Gilberto Gil a Jorge Ben, Viegas buscou uma sonoridade que traduzisse os sentimentos das letras nas canções. As conexões e relações também deram origens às colaborações do projeto. Na produção de Bruno DuPre junto à banda Brasa Ativa, que acompanham artistas como Rael, o disco ainda conta com as participações em seis das oito faixas. Os indicados ao Grammy Latino 2021, Maneva, colaboram com Viegas em “Posso Ser”, enquanto o renomado técnico vocal Isabeh se une ao artista e a Dow Raiz, que já produziu com grandes nomes como Tropikillaz, em “Baú com Ouro”.
O álbum chega acompanhado do videoclipe da faixa “Outras Vidas”, em parceria com Tati Portella, ex-vocalista do grupo Chimarruts, tanto na composição quanto nos vocais. A letra aborda a sintonia em uma relação de companheirismo e lealdade que traz leveza e a força de uma conexão que perpassa a outras vidas. O clipe foi gravado em Campos de Jordão, São Paulo, e acompanha imagens aéreas da paisagem e a presença dos dois artistas.
O Caderno Pop conversou com o Viegas sobre o novo projeto, confira!
Como foi a construção desse disco e a inclusão dessas parcerias no processo?
Esse processo começou de um momento em que eu vinha querendo falar sobre outras coisas, sentindo a necessidade de me ouvir mais. Eu estava fazendo muitas coisas para fora e percebi que eu precisava ouvir um pouco mais o aqui dentro. E foi aí que me confinei, eu precisava desse momento mais introspectivo para me ouvir mais, para me sentir mais e deixar fluir algumas coisas musicais que eu tinha para falar e que eu ainda não tinha falado dessa forma em trabalhos anteriores.
Passei alguns meses no meu quarto, com o meu violão, testando melodias e frases, e dessa forma foi surgindo esse álbum. Era interessante, como em cada faixa, em uma frase ou uma melodia específica, me vinha na cabeça a necessidade de convidar uma pessoa para preencher aquele espaço de uma forma mais bonita.
Com isso, as parcerias aconteceram de forma natural, com todos os artistas, que eu já conhecia alguns pessoalmente, e outros virtualmente. Eu tinha essas referências melódicas e timbres que me vinham na cabeça, essa necessidade de chamar uma certa voz, e fui muito feliz em todos esses convites. A galera veio com uma vontade para agregar, compartilhando aquela energia. Então acho que o processo todo do “Conexão” ficou muito mais bonito, com muito amor, justamente também por cada uma dessas pessoas que veio e contribuiu com a sua arte, com a sua energia.
Como você espera que o público receba o “Conexão”?
Tem uma parte de mim, o artista, que precisa fazer esse lançamento girar, chegar ao máximo de pessoas para realmente crescer com o meu trabalho. Mas também tem o cara aqui que fez a arte da forma mais pura possível relacionada a minha essência. É por cada mensagem, cada instrumento, cada participação que tem nesse álbum que foi feito de uma maneira muito sincera, verdadeira e muito bonita. Minha vontade maior é que cada pessoa tenha a oportunidade de ouvir esse álbum, seja um ou um milhão de pessoas, consiga estar com a gente naquele momento, se conectar, fazer parte daquela história, sentir cada uma daquelas melodias, cada uma daquelas histórias. Isso, para mim, é o maior propósito possível com esse álbum “Conexão”, literalmente, me conectar com essas pessoas.
O que/quem te inspirou e te influenciou no processo?
É muito difícil citar um nome ou um momento. Seria até injusto, porque acho que, se eu tivesse que resumir uma influência, seria a vida. Desde a minha mãe, meus amigos, dos artistas que eu admiro, até os livros e filmes, tudo isso de uma certa forma me inspirou. Eu sempre me interessei muito por temas e assuntos que estivessem relacionados ao autoconhecimento. Se você não se ajudar, quem vai te ajudar? Então, tudo o que você pode buscar de informação para melhorar em alguma área da sua vida, se conhecer melhor, se sentir melhor, tudo é muito válido. Tudo isso se transformou nesse álbum, essa necessidade de “Conexão” que há muito tempo eu venho buscando.
Esse álbum é um marco na construção da sua imagem como artista musical. Como se sente em relação ao lugar onde chegou e o que espera do futuro?
Eu vejo esse momento muito importante pra mim e para minha carreira, porque mesmo em outros trabalhos eu percebia a identificação que algumas pessoas tinham com a música. Mas com os dois singles, “Posso Ser” e “Pra Voar”, que lançamos antes do álbum, eu já vi um avanço muito grande de uma vez. A impressão que eu tenho é que a mensagem da minha música se simplificou, mas não perdeu a grandiosidade, a relevância e importância dela.
Eu percebo que, musicalmente, venho evoluindo como compositor, como cantor e como intérprete. Nesse álbum, foi a primeira vez que eu cheguei no estúdio com um projeto em que todas as músicas já tinham sido feitas na voz e violão por mim mesmo.
Sinto que cheguei em um ponto muito legal artisticamente, de conseguir traduzir em palavras e melodias os sentimentos que você percebe ou as ideias que você tem. Transformar isso em música é fazer com que pessoas entendam isso. É um desafio muito grande, porque na comunicação, muitas vezes a gente fala, mas não é compreendido. Então, acho que é muito bonito, dentro de um processo que foi intitulado como “Conexão”, você conseguir alcançar o objetivo de se conectar com pessoas assim. E além de que, musicalmente, eu percebo que é um novo momento do Viegas cantor, existe uma mudança musical, uma leveza, uma simplicidade de fazer essa arte. Vai ser muito massa as pessoas perceberem isso ouvindo o álbum.
A pandemia teve alguma influência nesse disco? Você acha que se a gente não tivesse passado pelo que a gente passou nos últimos dois anos, o “Conexão” seria diferente?
Dentro do meu processo de composição, a pandemia não interferiu no meu processo. Nesse álbum, o que eu acho que a pandemia influenciou diretamente foi na parte de gravação. Algumas parcerias foram feitas de forma remota, na parte da pré-produção.
Eu achei importante retratar todas as formas de “Conexão” que também também estamos vivendo nesse momento de pandemia. O Isabeh, uma das participações da faixa “Baú com Ouro”, gravou o trecho dele a cappella pelo celular e me enviou no WhatsApp, e mesmo assim ficou incrível. Eu acho que arte é isso, é sentimento, você traduz dessa forma.
Como foi gravar a parceria com Tati Portella, “Outras Vidas”, e o clipe dessa faixa?
A Tati é uma querida e uma pessoa que tenho um carinho gigantesco. A gente foi começando a ter mais contato pelas redes, trocando ideia. Foi rolando uma identificação e, no momento em que eu tinha essa música na mão, pensei que seria legal ter uma voz feminina mais doce, e na hora pensei na Tati. Mandei o convite para ela e topou, perguntou se poderia acrescentar alguns trechos na letra e ficou perfeito. Quando ela veio para São Paulo, gravamos o clipe em Campos do Jordão com uma paisagem linda. Eu tinha algumas ideias sobre o projeto, que retratasse uma imensidão do horizonte e o resultado ficou realmente mágico.