Ainda é dia de rock bebê? Banda Flake Rock Inc analisa possibilidades para o gênero no mercado musical atual

Quem olha os charts dos aplicativos de música com as canções mais tocadas, atualmente, no Brasil, quase não se lembra que a menos de 20 anos atrás, no final dos anos 90 e início dos anos 2000, existia um outro estilo musical à frente das canções de sertanejo, funk e pop. De Raul Seixas a CPM 22, passando por Los Hermanos, Skank, Charlie Brown Jr, Pitty e muitos outros, o Rock foi um dos estilos mais tocados do país, com mensagens políticas importantes e um público fiel. Mas, por que o estilo tem perdido espaço? Por que não surgem novas bandas e cantores em destaque como em outros gêneros? Os integrantes da banda Flake Rock Inc analisaram o cenário e apontaram alguns caminhos e possibilidades, confira abaixo.

Ritmo DNA

“Internacionalmente, podemos dizer que o rock é equivalente ao samba no Brasil. Praticamente todos os ritmos nacionais bebem da fonte do samba e podem até ser considerados a ‘evolução’- no caso do funk e pagode- do ritmo. O mesmo acontece com o Rock no exterior, muitos artistas de R&B, hip hop, trap, e principalmente pop, bebem da fonte do rock.  No caso do rock nacional, ele sempre teve sua cara, um jeito tupiniquim de fazê-lo. Na poesia cantada de Cazuza e Legião, na levada tropical dos Paralamas do Sucesso ou nas guitarras havaianas de Lulu Santos. Mas a cena muda, as pessoas mudam e como o rock não é um “ritmo DNA” do Brasil, aqui ele foi colocado de lado (do mainstream)”, explica o vocalista Guilherme Valeriani.

Adaptação

“O rock, além de um estilo de vida, sempre foi uma voz que reflete os momentos políticos e sociais de cada época. No Brasil e no resto do mundo as bandas sempre foram porta-vozes de mensagens fortes ou para puro entretenimento, fazendo cada admirador se identificar com aquilo que ouvia e via nos artistas”, lembra o baterista Fabio Ota.

“Hoje, o público tem um perfil diferente de quando o Rock estava em alta. As pessoas querem consumir músicas “fáceis de digerir”, objetivas que traduzem rapidamente sua mensagem, sem ser necessário um olhar poético ou abstrato. O rock em sua essência tem muito desse lance e acredito que, como qualquer estilo, é necessário uma transformação. Adaptar a essência do rock para canções mais objetivas talvez fosse o caminho para o estilo retornar ao topo das paradas de sucesso. O bom e velho rock é incrível e nos inspira até hoje, mas precisamos testar novas ideias, explorar novos sons e ritmos e traduzir talvez aquelas letras mais difíceis de entender fazendo com que elas sejam mais identificáveis para o público”, opina o guitarrista Rafael.

Novas formas de consumo

“Nos últimos anos os aplicativos de streaming deram uma sobrevida ao gênero e muitas bandas que não tinham espaço- porque a TV ou a rádio não davam- agora têm. Muitas bandas boas como Máquina Mente, Bloco do Caos, Cali e Los Hermanos são excelentes e grandes representantes do gênero que ainda sobrevivem. Los Hermanos tem um rock totalmente brasileiro e é capaz de lotar o Maracanã para um show. Ego Kill Talent apostaram em uma estratégia totalmente diferente e certeira que, na minha opinião, mais bandas deveriam seguir: cantar fora do Brasil. Mas, ainda acredito que as bandas de rock vão começar a se multiplicar cada vez mais com os streamings e isso é ótimo.  aplicativos de música e vídeo, como Youtube, estão dando visibilidade para ótimos artistas em busca de um lugar ao sol”, conta Guilherme.

“Estamos numa época em que as gravações se tornaram mais acessíveis e democráticas, o que mudou drasticamente a maneira que os materiais são distribuídos, abrindo inúmeras oportunidades para todos os tipos de artistas. O streaming multimídia como o Youtube e as Redes Sociais também trouxeram ainda mais possibilidades de divulgação, porém obriga os artistas a serem multifacetados, ou seja, um músico precisa ter em mente que sua obrigação não será apenas tocar, mas também transmitir emoções através de sua imagem. É uma época em que se consome música não apenas por áudio, mas atrelado a vídeos também, muito mais do que antigamente”, pondera Fábio. 

Sobre a Flake Rock Inc

O que mais poderia unir três estudantes de engenharia mecânica? Se você respondeu o interesse por cálculos, está profundamente errado. Rafael (guitarrista) despertou seu interesse pela música na adolescência quando começou a tocar guitarra por conta própria. Já Guilherme (cantor) começou a tocar violão com apenas sete anos e a compôr com oito. Ricardo (baixista) iniciou tocando guitarra aos 15 anos e aos 17 já se apresentava com a banda do colégio em sua formatura. Apaixonados pelo rock e compartilhando referências como Black Sabbath e Red Hot Chili Peppers, os músicos se conheceram e reconheceram durante a faculdade quando deram início a banda “Subúrbia” em 2014. Mas ainda faltava um representante muito importante, o baterista. Por meio de um amigo em comum, os engenheiros conheceram o administrador Fábio, que desde os 16 anos se dedica ao instrumento. Com essa nova aquisição, “Subúrbia” tornou-se Flake Rock Inc em 2017.

Desde então, a banda já se apresentou em eventos fechados, bares e pequenos festivais em São Paulo e região, unindo em seu repertório covers de grandes nomes do rock nacional e internacional e canções autorais.

Em março de 2020, com a chegada da pandemia, decidiram finalmente iniciar os lançamentos de suas próprias composições quando disponibilizaram em todos aplicativos de música a canção “Textura da Lua”. Hoje, a Flake já conta com seis músicas autorais disponíveis, além do clipe de “Antes do Sol Sair”.

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