O aguardado camp de composição organizado pela Head Media, Rimas Publishing e Universal Publishing aconteceu no Brasil, trazendo à tona colaborações inovadoras que prometem movimentar o mercado musical. Reunindo alguns dos maiores nomes da produção musical latino-americana e brasileira, o evento contou com a participação de produtores de renome, como Maux e Hassi, além de talentos nacionais como DMax, Los Brasileros e King Saints. O Caderno Pop acompanhou de perto cada etapa, conversando com a equipe responsável pela organização e com os artistas envolvidos nesse processo criativo intenso.
Em um diálogo que mergulhou profundamente nas complexidades do cenário musical, Nina, da Head Media, e Lucas, da Universal Publishing, compartilharam uma análise sincera sobre o estado atual da música no Brasil e no mundo. A conversa revelou os desafios e oportunidades que se apresentam tanto para artistas quanto para os profissionais dos bastidores, que operam em uma indústria cada vez mais globalizada e competitiva.
Nina, uma das forças por trás da Head Media, destacou a importância de uma visão holística da indústria musical. “A gente sempre tenta explicar o máximo possível tudo que tá acontecendo, porque é importante ter essa visão do todo“, disse. Ela enfatizou que os artistas precisam estar conscientes sobre onde estão investindo e como suas receitas são gerenciadas, para evitar armadilhas: “Se não souber o que tá acontecendo, fica muito sujeito a que as pessoas passem a perna.“
Outro ponto levantado por Nina foi a maturidade artística. “Dependendo de quão rápido a carreira cresce, o artista pode ficar deslumbrado. É preciso ter calma e não dar um passo maior que a perna“, alertou. Ela observou que artistas mais experientes tendem a valorizar mais o trabalho de suas equipes, demonstrando maior foco e comprometimento, elementos fundamentais para a construção de carreiras sólidas e duradouras.
Ao ser questionada sobre que conselho daria a jovens aspirantes a seguir seu caminho, Nina foi prática e direta: “O que eu posso dizer é: trabalhe duro e entregue o melhor trabalho que puder, sempre com transparência. É assim que as coisas começam a dar certo“, afirmou, reforçando que o sucesso vem de esforços colaborativos e honestidade no processo.
Já Lucas, da Universal Publishing, trouxe uma visão estratégica ao analisar o mercado musical brasileiro. Segundo ele, apesar das novas tecnologias de consumo, como o streaming, o público brasileiro mantém hábitos de consumo musical semelhantes aos de anos atrás. “Temos essa síndrome de vira-lata, mas os grandes artistas daqui são realmente grandes“, afirmou. No entanto, ele ressaltou que a exportação da música brasileira ainda enfrenta desafios culturais e linguísticos, o que dificulta sua inserção no mercado internacional.
Lucas também abordou um tema sensível dentro do mercado: o medo de que o funk brasileiro seja apropriado por artistas estrangeiros sem o devido reconhecimento. “Alguns artistas de funk têm receio de trabalhar com estrangeiros, temendo que o gênero seja usado sem dar crédito ao Brasil“, compartilhou. Para ele, o papel dos executivos é garantir que essas colaborações ocorram de maneira justa e respeitosa, preservando a autenticidade e a origem da música.
Ele destacou ainda o crescimento exponencial da música latina no cenário global, mencionando artistas como Bad Bunny e Feid como exemplos de sucesso. “A música latina se tornou global, e agora nossa missão é descobrir como podemos fazer com que a música brasileira tenha o mesmo desenvolvimento“, refletiu Lucas, indicando que o Brasil tem potencial para seguir esse caminho, desde que haja uma estrutura sólida e esforços coletivos.
Jesus, da Rimas Publishing, também compartilhou insights valiosos sobre as similaridades entre as indústrias musicais de diferentes países latinos, destacando como, embora o Brasil tenha uma indústria estabilizada, a conexão com outros mercados latinos, como Porto Rico e Chile, tem se mostrado surpreendentemente fluida. “A fusão cultural foi maravilhosa“, comentou, destacando como o orgulho latino está em alta, com a música de países latinos agora influenciando até a indústria americana, um movimento que ele considera histórico: “Por muitos anos, nos espelhávamos no que os Estados Unidos faziam. Hoje, vemos o oposto, com a música americana buscando se aproximar da música latina.“
King Saint, por sua vez, trouxe uma perspectiva pessoal sobre o processo criativo em um ambiente de colaboração internacional. “Eu estou sempre fazendo ‘sessions’, mas cada uma é diferente, especialmente quando estou no estúdio com artistas de outros países“, contou ela. Para King, esse intercâmbio cultural é o que a mantém inspirada e motivada. “Trabalhar com artistas estrangeiros nos coloca em um estado de pesquisa. Descobrimos histórias e sonoridades que se cruzam, refletindo contextos sociais e musicais semelhantes. Apesar das diferenças de idioma, a música sempre fala mais alto.”
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