Os irmãos Binho Cidral, Vinicius Cidral e Larissa Cidral, naturais de Curitiba (PR), lançam nesta sexta-feira (29) seu primeiro álbum, intitulado “Cidrais”, disponível em todas as plataformas digitais. O trio, que também leva o nome de Cidrais, apresentou o projeto ao selo Toca Discos, liderado por Constança Scofield e Felipe Rodarte (4 vezes indicado ao Latin Grammy), firmando uma parceria para desenvolver a obra.
“Cidrais” reflete a conexão profunda dos irmãos com as artes, construída desde a infância. Inspirados pela antiga telemensagem que a mãe administrava, chamada “Amor & Cia”, o trio começou a se expressar por meio do microfone, um hábito que viria a influenciar sua trajetória musical. Essa relação de afeto e expressão foi intensificada durante um período de luta e luto: em 2018, os irmãos enfrentaram o falecimento da mãe, vítima de câncer.
A música se tornou um canal de superação e transformação. “Queremos que nossa música seja um espaço seguro para as pessoas acessarem suas emoções”, explica Larissa Cidral, psicóloga e integrante mais nova do trio.
Com um som experimental que mescla MPB, pop, indie, folk e rock, o trio evita rótulos. “Somos uma banda experimental que acolhe diversos gêneros. Nossa vibração sonora busca atingir o máximo de pessoas possíveis”, afirma Binho Cidral, irmão mais velho e artista multifacetado.
A proposta visual do projeto inclui uma paleta de cores e elementos que remetem ao afeto e à comunicação, homenageando a essência das antigas telemensagens. Além disso, o trio prepara um show de lançamento no dia 10 de dezembro, no Teatro Paiol, em Curitiba, com uma apresentação que une música, poesia e projeções visuais.
“Quem for ao nosso show pode esperar uma experiência imersiva, um mergulho em um universo poético próprio e coletivo”, completa Vinicius Cidral, irmão do meio.
Leia agora o faixa a faixa escrito pelos três exclusivamente para o Caderno Pop:
1 – Anuário – Composição de Vinicius Cidral
A canção ‘’Anuário’’ aborda a passagem do tempo ao longo de um ano. Escrita em 2020, durante a pandemia, pelo compositor Vinícius Cidral, a música traz à tona imagens nostálgicas, memórias e vivências do período pré-pandemia. Ela resgata o conforto que essas recordações trouxeram em meio a um momento tão desafiador, narrando um ano inteiro de memórias cotidianas que nos acolheram. Uma música que abre o álbum e convida a essa viagem onde novas memórias podem ser construídas ao som dessa música solar e envolvente.
2 – Alice – Composição de Lucas Bieni
Conta a história de uma mulher em busca de aprender a amar e a sonhar. A composição foi um presente de um amigo rondoniense, que acompanha o projeto desde o nascimento do trio em Porto Velho – Rondônia. A música conecta o ouvinte a essa jornada de esperança e autodescoberta. A sonoridade experimental do banjo, somados aos assobios é uma proposta divertida e alegre. Buscamos inspirar essas viagens de aprendizado e sonhos em cada composição.
3 – Morada – Composição de Larissa Cidral
Essa é uma das músicas que acompanham a banda desde o início. A composição nasce do amor, a descoberta desse sentimento bonito, singelo e sincero. Lari adiciona seu coração nessa composição que conecta o ouvinte com a observação da vida e suas belezas. Nessa releitura, a canção ganha a participação da artista e cantora Miranda, em uma colaboração sugerida pelo universo musical da banda e pela Toca do Bandido. A música simboliza a transformação de mágoas em um refúgio interno, lembrando que cada coração pode se tornar uma verdadeira morada. Em tempos de áudios acelerados e mensagens rápidas, Morada é contemplação e sonoridade leve.
4 – Clareou – Composição de Gustavo Bonfantti
A Cidrais fez sua primeira apresentação em Porto Velho – Rondônia. Em um festival alternativo realizado na beira do Rio Madeira Mamoré. Foi um encontro de jovens artistas, sonhando com a vida e descobrindo a música. A música foi um presente do compositor e amigo Bonfantti, que cantou um cover com a gente no primeiro show e agora temos a alegria de ver nossos sonhos ganhando forma e pudemos dividir os vocais em um feat especial, a música é solar e cheia de esperança, trazendo uma mensagem de amor e renovação. Bonfantti esteve presente também durante a gravação do álbum na Toca do Bandido. A música é perfeita para ouvir na estrada, refletindo sobre os amores e como cantamos na letra: Esse é só o começo das nossas vidas!
5 – Olhar – Composição de Vinicius Cidral
Dos muitos sentimentos que a banda aborda, o amor em suas diversas formas é um deles. Desde a primeira troca de olhar, nosso coração está aberto a ser atravessado por alguém, um lugar, aquilo que toca o coração passa pelo nosso olhar. Nessa composição de Vinicius Cidral, convidamos nosso ouvinte a recordar os olhares e as pessoas que carregam essa importância em nossas vida. A produção de Felipe Rodarte e Constança Scofield propõem uma percussão dançante, instrumentos como triângulo, potencializam ainda mais o embalo das músicas propostas. O videoclipe lançado é uma direção coletiva da Cidrais com a artista Maria Eduarda. O protagonismo de Andressa Tavares e Lucas Luz, propõe uma interpretação íntima dessa troca simples e cotidiana.
6 – Infinita – Composição de Vinícius Cidral
A música é uma homenagem à mãe da banda, Pascoaly. A canção composta durante o período em que ela esteve doente, enfrentando um câncer e durante todo o processo a música se fez presente como um refúgio. Ela aborda o processo de enfrentamento do luto, declarando amor e reverência à história familiar. Essa música foi cantada para ela ainda em vida, costumávamos dizer que ela ficaria eternamente dentro dessa canção e, ao integrar o álbum, eternizamos uma parte importante dessa trajetória. Essa música é o meio do álbum e o coração da banda Cidrais. Toda nossa subjetividade é potencializada por esse amor materno que dividimos com a nossa mãe e que agora lançamos no mundo através de nossas músicas.
7 – Lucidez – Uma composição colaborativa entre Vinícius, Larissa, Binho e Gustavo Bonfantti
A inspiração para essa música veio de uma conversa com uma amiga da banda que compartilhou sua experiência em uma clínica de reabilitação. O desejo de relatar esse momento delicado e complexo, essas dúvidas que surgem, mas também os aprendizados desses momentos difíceis. A música explora temas como angústia, depressão, ansiedade e tristeza, reconhecendo a importância de encarar os medos para encontrar a integridade e aceitar quem somos, incluindo nossas partes mais difíceis. O projeto do álbum Cidrais é fortalecer o contato com nossas fragilidades e medos. O som da bateria proposto por Morgado e o Baixo de Carol Mathias apontam para um universo mais denso da Cidrais, cada composição é a oportunidade de experimentarmos a poesia e nossas sonoridades.
8 – Vestido – Composição de Vinicius Cidral
Ao observarmos as pequenas delicadezas dos dias, aprendemos que a vida pode ser mais leve. Vestido é o inicio de nossas brincadeiras sonoras. Em um dia lavando louça começamos a cantarolar em cima de uma melodia proposta por Vinicius. Logo o poema escrito começou a ganhar forma e íamos cantando e aprendendo com a música que por mais difícil que possa parecer. Podemos sempre aprender algo novo, sentir a vida de forma mais colorida, dançar e criar novas formas de existir. O poema falado no final da música por Binho Cidral, carrega o nome da canção e surgiu como uma forma de lembrarmos de sermos ‘’galhos, vestidos por qualquer pedaço. Que sejamos leves, até mesmo breves, mas sejamos sim, porque pesado é passar pela vida sem que ninguém leve, em um tanto de você, um pouco de mim’’. Citando o trecho da música. O anúncio de que o álbum está chegando perto do fim e que dessa viagem sonora.
9 – Imensidão – Composta por Larissa Cidral
A busca dessa música é traduzir uma experiência imersiva de conexão com o universo. A canção redimensiona as questões materiais, propondo um olhar transcendente e espiritual. A composição ganhou vida com a produção musical de Felipe e Constança, resultando em uma obra que convida à contemplação e à expansão interior. A proposta é esse som mais etéreo com sintetizadores e teclados que acompanhados aos vocais de Larissa Cidral, elevam a vibração e cria um espaço mais acolhedor.
10 – Nefelibata – Composição de Vinicius Cidral part. Morgado
A composição escolhida para finalizar o álbum é chamada Nefelibata que significa: “Pessoas que vivem nas nuvens”. Um termo que acolheu a subjetividade proposta por essa música de Vinicius Cidral. Com um beat e um violão mais experimental a sonoridade que emerge é dramática. O entrelaçamento das vozes criam um ambiente mais misterioso e até mais teatral. Uma música que contém a beleza de observar a imensidão em uma poça d’água, ao finalizarmos com esse som queremos dizer citando a música é “o que nos orientam são os pulos e não os polos”.
A participação do Morgado em nossa música através do poema escrito por ele, a partir dos dias vividos na Toca, participando como baterista do álbum além de toda sua sensibilidade e abordagem poética única somam a revolução proposta através do fortalecimento do afeto e da nossa capacidade de sonhar. Como Morgado diz na música: “A reta é uma curva que não sonha”