Dirigido por Fede Álvarez, “Alien: Romulus” marca um retorno triunfante às raízes da icônica franquia de ficção científica. O filme, situado cronologicamente entre “Alien, o 8º Passageiro” (1979) e “Aliens, O Resgate” (1986), resgata a atmosfera claustrofóbica e o terror psicológico que consagraram a série, entregando uma experiência cinematográfica que tanto fãs antigos quanto novos espectadores aguardavam há décadas.
“Alien: Romulus” se passa em uma estação espacial abandonada, onde um grupo de jovens colonizadores se depara com uma forma de vida aterrorizante. A partir do momento em que os protagonistas cruzam o limiar deste cenário desolado, o filme se transforma em uma luta visceral pela sobrevivência, um verdadeiro pesadelo no espaço. O enredo, embora simples, é a plataforma perfeita para uma exploração profunda do medo e da tensão, reminiscente do que Ridley Scott entregou ao mundo em 1979.
Fede Álvarez, já conhecido por seus trabalhos em “Don’t Breathe” e “Evil Dead”, demonstra mais uma vez sua habilidade de manipular o terror de forma implacável. Cada cena é carregada com uma tensão complexa, onde o silêncio é tão assustador quanto os momentos mais intensos. Álvarez não se contenta em apenas reviver o horror clássico; ele o eleva, criando sequências que se tornam instantaneamente icônicas, especialmente para aqueles que têm a lembrança de um “chestburster” gravada em sua mente. O longa não é um filme para os fracos de coração, é uma descida constante em direção ao medo mais primitivo, do tipo que só a ficção científica pode proporcionar.
Cailee Spaeny, no papel de Rain, brilha como a protagonista. Sua performance é um equilíbrio entre vulnerabilidade e força, lembrando a icônica Ellen Ripley, interpretada por Sigourney Weaver. No entanto, Spaeny não tenta emular Ripley, ela cria uma personagem própria, com uma profundidade e uma resiliência únicas, que a tornam digna de carregar o peso do legado de “Alien”. O elenco de apoio também merece destaque, com David Jonsson se destacando como Andy, um personagem que rapidamente se torna um dos favoritos do público.
Visualmente, “Alien: Romulus” é um triunfo. A cinematografia captura a essência do original, com ângulos que intensificam o desconforto e uma paleta de cores que mergulha o espectador em um ambiente frio e implacável. Cada detalhe, desde o design da estação espacial até a aparência aterradora dos Xenomorfos, foi meticulosamente criado para honrar a franquia, ao mesmo tempo em que oferece algo novo. O uso de efeitos práticos dá uma autenticidade que muitas vezes falta nos filmes modernos, e o trabalho com os “facehuggers” neste filme é, sem dúvida, um dos melhores já vistos.
O design de som é outro aspecto que merece elogios. A recriação dos sons característicos, das portas automáticas ao som de alerta das naves, transporta imediatamente os espectadores de volta ao universo de “Alien”. A trilha sonora de Benjamin Wallfisch complementa perfeitamente essa atmosfera, incorporando temas clássicos com novos arranjos que elevam a experiência auditiva a um nível superior. Wallfisch consegue tecer uma tapeçaria sonora que, ao mesmo tempo, homenageia o trabalho de Jerry Goldsmith e James Horner, enquanto estabelece sua própria identidade.
Mas “Alien: Romulus” não é apenas uma carta de amor aos filmes anteriores é também uma expansão do universo. O filme insere referências sutis a “Prometheus” e ao jogo “Alien: Isolation”, que adicionam camadas de profundidade à mitologia dos Xenomorfos. Essas conexões são habilmente entrelaçadas na narrativa, sem nunca sobrecarregar o espectador com exposição desnecessária. Ao contrário, elas enriquecem a história, oferecendo novas perspectivas sobre um mundo que já conhecemos tão bem.
No saldo final o filme pode ser considerado a melhor entrada na franquia desde 1986, talvez até desde o filme original. A combinação de nostalgia, inovação e puro terror faz deste um filme imperdível para qualquer fã de ficção científica ou horror. Fede Álvarez prometeu devolver “Alien” às suas raízes, e ele conseguiu com louvor.
Desde os momentos iniciais até o impactante clímax, “Alien: Romulus” mantém o espectador na beira do assento, com um sorriso de satisfação que só os melhores filmes conseguem provocar. É uma experiência cinematográfica que ficará gravada na memória por muito tempo, talvez até rivalizando com a sensação de assistir “Alien, o 8º Passageiro” pela primeira vez. Este é o filme que os fãs esperaram por tanto tempo e a espera valeu cada segundo.
O filme já está em cartaz em diversos cinemas pelo Brasil. Para informações sobre ingressos e sessões, basta clicar aqui.
Alien: Romulus: ✩✩✩✩✩
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