No teatro desde os 9 anos, foi em frente às câmeras que Ligia Vargas encontrou seu lugar na arte. Atualmente apresentadora do videocast “Resenha Carioca”, que após conquistar o público nas redes sociais, ganhou seu lugar na TV no canal Travel Plus, a artista dá um novo passo na carreira: apresentará também o “Showtime”, mostrando os bastidores dos maiores eventos do país, a começar pelo Rock In Rio. O novo programa está previsto para estrear em abril de 2025, no mesmo canal.
Em entrevista exclusiva ao Caderno Pop, a apresentadora revela que não pretende deixar a carreira de atriz de lado. Inspirada em Hebe Camargo, um dos maiores ícones femininos da história da TV brasileira, Ligia quer seguir apresentando em primeiro lugar e atuando pontualmente.
Você vem conquistando cada vez mais espaço como apresentadora. Ao longo dessa trajetória, qual momento mais te marcou?
Quando trabalhava com esportes, fiz uma matéria especial com o Zico. Passamos um fim de semana em um hotel fazenda, conversamos bastante, fizemos algumas refeições juntos e no domingo ele participou de um jogo beneficente na cidade. Saímos do hotel para o jogo no carro com ele, e esse acredito que foi o momento que mais me marcou num trabalho até hoje, porque eu não tinha a dimensão do que o Zico representava para os fãs dele.
A partir de um determinado ponto, o carro quase não podia se mexer de tanta gente, era um mar de pessoas gritando e chorando por estar minimamente próximo dele. Quando saímos do carro, os seguranças faziam uma proteção para ele passar e era uma loucura! Eu nunca tinha visto e muito menos vivido nada parecido. Foi quando um pai segurando um bebê que deveria ter uns 6 meses, levantou a criança na direção do Zico, chorando e pedindo para ele tocar no filho! O homem insistia, mas o Zico estava virado para o outro lado atendendo outros fãs, o homem sacudia o neném e chorava chamando o Zico. Eu fiquei com medo daquele bebê cair e se machucar naquela multidão e também comecei a pedir ao Zico para tocar logo no bebê! (Risos).
O amor que as pessoas têm por ele é uma coisa impressionante e ele super querido, tentando atender ao máximo de pessoas possível. Mas o pai colocando o bebê naquela situação, no meio da multidão, me marcou muito.
No “Resenha Carioca”, você é bem descontraída e leve. Tem alguma técnica ou ritual antes de entrar no ar que a ajuda a se preparar para estar sempre com o tom de bom humor?
Nenhuma técnica nem ritual… Agora tô pensando se deveria ter algum! (risos). Mas o Resenha é tão gostoso de fazer e eu tenho tanto prazer em estar naquele set, que nem precisa de nada. Além disso, é um espaço cheio de pessoas que eu amo, o Rafa (Rafael Oliveira) e o Hernane (diretor) são meus amigos de anos, entre a gente a relação é de muita verdade, lealdade e zoação 24h, na frente das câmeras e muito mais fora delas. O clima do programa é igual ao de uma turma de 5ª série, só que pior!
Além disso gravamos no Rufi /Brewteco que é um bar de verdade, então os convidados também já chegam propícios à informalidade e descontração. Eu amo fazer o programa!
Você já trabalhou na TV, foi para a internet e agora voltou para a TV com o videocast. Como acha que a internet mudou o padrão que programas de entretenimento são conduzidos e consumidos?
Pra mim que estava acostumada com set, estúdio, equipe de tv e a formalidade desse esquema, foi estranho produzir conteúdo para internet. Hoje tenho consciência que demorei demais até por não saber fazer algo que não fosse nos padrões da tv, por me cobrar perfeccionismo até nas minhas redes sociais. Além disso, essas mudanças aconteceram muito rápido e foram intensificadas pela pandemia. Porque no período do lockdown o consumo de conteúdo aumentou, as produções estavam interrompidas, mas o conteúdo online estava sendo criado a todo vapor!
Nesse período apresentei algumas lives e esse foi o meu primeiro contato com essa nova forma de gravar. Eu ajeitava a luz, a câmera do celular, fazia minha própria maquiagem e cabelo. Hoje percebo que a internet não te exige a perfeição técnica do audiovisual em geral, mas precisa de um volume de conteúdo e uma velocidade diferente. Você tem que estar o tempo todo atento ao que está na “trend”. O público jovem consome muita coisa online e tem um ritmo mais acelerado.
De modo geral acho que essa revolução no audiovisual causada pela chegada dos streamings e o YouTube foi incrível para o artista e quem trabalha com comunicação porque deixou tudo mais democrático de certa forma. Mas é outro “timing”.
Qual é a sua maior inspiração na carreira?
A Hebe é a minha maior inspiração profissional, uma mulher que em 1950 estava na televisão desbravando esse mercado, apresentou o primeiro programa voltado para mulheres do país, atuava como atriz pontualmente (assim como eu desejo fazer), teve uma carreira brilhante e da qual todos falam bem como ser humano. Não é à toa que é chamada de “a rainha da tv”.
Para fechar, você está se dedicando a um novo projeto, o “Showtime”, certo? Pode contar um pouco mais sobre o programa? Como foi gravar essa primeira etapa no Rock In Rio?
O “Showtime” é uma série que vai mostrar os bastidores dos grandes eventos. A 1ª temporada é no Rio de Janeiro e o 1º episódio gravado foi o Rock in Rio. Ká sei que teremos G20, Rio Open, Réveillon de Copacabana e Carnaval, pode ser que ainda entre algum outro evento, mas ainda não sei.
O programa vai mostrar o que rola na produção, como é a logística, a segurança, o que o evento gera na cidade do Rio, o movimento de turistas e detalhes dos bastidores mesmo. Entrevistamos várias pessoas que vieram de cidades diferentes para curtir o festival e agora vamos conversar com especialistas e envolvidos no evento e nos setores públicos do turismo para entender dados reais e o impacto disso para a economia. Eu amei descobrir o que está por trás do Rock in Rio e já estou ansiosa pelos próximos!
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