O disco “Caju” é uma viagem sonora que prova que Liniker está mais ousada, mais madura e, sem dúvida, mais conectada com seu universo musical. Dez dias depois de chegar ao mundo, o álbum já tinha ultrapassado 30 milhões de streams — números de causar inveja a qualquer hitmaker. E como se não bastasse, Liniker também conquistou o topo do iTunes Brasil em três dias. Mas não é só o sucesso imediato que faz de “Caju” uma joia rara; o álbum é uma demonstração de coragem artística, explorando diferentes sonoridades com a confiança de quem já sabe o que está fazendo, mas não tem medo de ir além.
Logo de cara, Liniker nos envolve em um romance sonoro com 14 faixas que parecem convidar o ouvinte para um date demorado, sem pressa de acabar. Desde os primeiros acordes, percebemos que aqui o amor é o protagonista — e ele vem em todas as suas formas e intensidades. A primeira faixa, “Tudo“, é uma entrada triunfal: um single pop irresistível que pede um karaokê imediato. Já “Veludo Marrom” é um dos momentos mais emocionantes, começando suave e crescendo até uma performance monumental, com a luxuosa Orquestra Jazz Sinfônica e um coral que parece levar a voz de Liniker ao infinito e além.
Entre os pontos altos, a colaboração com o pianista Amaro Freitas e a dupla ANAVITÓRIA em “Ao Teu Lado” é puro deleite auditivo. O contraste das três vozes cria uma intimidade que é quase palpável, um respiro delicado em meio à expansividade do restante do álbum. E ao longo das faixas, como em “Me Ajude a Salvar os Domingos“, “Caju” se firma não apenas como entretenimento, mas como uma experiência emocional que vai fundo na alma.
Se na primeira metade o álbum flerta com o pop e o soul, na segunda ele mergulha de cabeça no experimentalismo. “Negona dos Olhos Terríveis“, em colaboração com o BaianaSystem, traz um groove solar e vibrante, enquanto “Papo de Edredom” revela um R&B elegante, com participação da artista baiana Melly. Em “Popstar“, Liniker se impõe como um furacão na música contemporânea, pedindo amor e reconhecimento com a confiança de quem sabe o que merece.
“Febre” vem como uma continuação natural de “Baby 95”, misturando pagode com outras influências para criar algo fresco e, ouso dizer, irresistível. E em “Pote de Ouro“, Liniker brinca com a bachata e o arrocha, numa parceria surpreendente com Priscila Senna que é, ao mesmo tempo, inesperada e deliciosamente natural.
Mas as surpresas não param. Em “Deixa Estar“, Liniker mergulha de cabeça na disco music, ao lado de Lulu Santos e Pabllo Vittar, provando que sabe muito bem como levantar uma pista de dança. O clima de festa continua com “So Especial“, onde ela se joga na house music e deixa claro o quanto está curtindo esse momento da carreira.
E, para fechar com chave de ouro, “Take Your Time e Relaxe” acalma os ânimos e deixa o ouvinte com aquela sensação gostosa de ter vivido algo especial, como se cada detalhe de “Caju” estivesse perfeitamente no lugar. A grande sacada de Liniker aqui é mostrar que fazer música pop e soul de qualidade não tem a ver com seguir fórmulas, mas com ser fiel a si mesmo, sem medo de ousar e criar algo verdadeiramente único.
“Caju” é, em sua essência, uma celebração do amor, da liberdade e da música em sua forma mais pura. Com sua voz marcante, letras tocantes e produção impecável, Liniker reafirma sua posição como uma das artistas mais inovadoras da música brasileira — e, de quebra, conquista ouvidos pelo mundo todo. É um álbum que pede para ser escutado, vivido e, claro, tocado no replay.
Nota Final: 87/100
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