Já faz quase dois anos desde a inscrição de Murilo Bispo no programa The Voice Brasil, e tudo que veio em seguida pareceu até um filme para o cantor. De setembro de 2018 até agora, muita coisa mudou na vida do publicitário paulista da cidade de Cruzeiro. Desde então, o músico que tem forte influência de músicos como John Mayer e Shawn Mendes, começou a fazer shows pelo Brasil, se aventurou gravando vídeos com suas músicas e covers em seu canal do YouTube e conquistou uma legião de fãs em todo o país.
E nesta sexta-feira (26), ele está pronto para o lançamento do seu primeiro single: “Vem Cá”. O single, escrito por Áureo Gandur e Gabrieu e coproduzido pelo próprio Murilo e Rique Azevedo, foi escrita originalmente em versão acústica, e fez parte da trilha sonora do filme “O Melhor Verão Das Nossas Vidas”, em que Murilo atuou ao lado das BFF Girls e que foi lançado em janeiro deste ano pela Galeria Distribuidora. O clipe, dirigido por Giulia Nassa, foi filmado 100% pelo celular em março de 2020 (antes da quarentena) durante uma breve passagem do cantor por Miami. A edição, que ficou a cargo de Luiz Whately, também foi feita usando apenas um celular e o Filmr, um aplicativo brasileiro para editar vídeos com Android e iPhone (iOS).
Ter a última versão da música e o clipe finalizado no meio da quarentena fez Murilo refletir sobre a importância de lançar o single neste momento, “É muito doido, todo esse contexto faz parecer que a gente previu o que viria pela frente”, comenta o cantor. “Antes mesmo da quarentena pensar em existir, a gente já tinha decidido gravar e editar 100% do clipe com um celular, e a ideia de fazer tudo da forma mais artesanal possível era justamente a de aproximação, de mostrar que nós fizemos algo que qualquer um poderia fazer, quase como um convite de ‘vem cá, grava comigo’, ‘vem cá, canta comigo’, ‘dança comigo’, ‘ri comigo’, e é muito especial poder levar essa sensação de aproximação pras pessoas, num momento de tanto distanciamento como o que estamos vivendo”, finaliza. Para os próximos meses, Murilo pretende lançar outros singles e já está trabalhando na produção do seu primeiro EP.
Crescer em uma família com tradição musical fez com que Murilo Bispo se interessasse muito cedo por melodias e acordes. Aos 9 anos, enquanto assistia seu pai tocando violão na sala de casa, como de costume fazia, Murilo pela primeira vez pediu para aprender um instrumento e, aos 10 anos, atendido pelo pai, iniciou seus estudos de guitarra. Mas a vontade de se conectar com a música não se limitava às seis cordas e Murilo foi experimentando e desenvolvendo habilidades em outros instrumentos, tornando-se multi-instrumentista e cantor. Formado em Publicidade, nunca deixou a carreira corporativa impactar negativamente sua dedicação à música. Influenciado por músicos como John Mayer e Shawn Mendes, já teve uma banda de pop rock e inclusive venceu festivais. Em 2018, teve sua primeira experiência profissional e de grande exposição como músico, chegando às semifinais do programa “The Voice Brasil”. Desde então, sua fanbase cresce e Murilo vem acumulando conquistas artísticas importantes, como sua estreia no cinema na comédia romântica nacional “O Melhor Verão das Nossas Vidas”, ao lado das BFF Girls, lançado pela Galeria Distribuidora.
Em 2020, com todo o aprendizado acumulado destes anos como publicitário e artista, Murilo fará o lançamento oficial do seu primeiro trabalho musical autoral e, no paralelo, tem dedicado parte do seu tempo à produção musical, tendo já de saída em seu portfólio um trabalho acústico produzido para as BFF Girls (Sony Music).
O Caderno Pop conversou com o Murilo, para falar sobre o primeiro lançamento, quarentena e outras curiosidades. Confira:
Você estava em Miami quando a pandemia estava já estourando por lá, com as fronteiras fechando, o mundo todo um caos. Como foi essa volta pro Brasil e ver que, em questão de dias, tudo tava diferente?
Foi uma experiência muito curiosa porque a gente viajou no início de março, mais ou menos por volta de 8 de março, e os primeiros casos de Covid já tinham acontecido na China e já estavam espalhados pelo mundo, mas ainda estava uma coisa muito especulada, muito se entendendo o que estava acontecendo no mundo. Então naturalmente no aeroporto a galera já estava usando máscara, boa parte dos funcionários principalmente, mas nada muito alarmante e quando a gente voltou de viagem a gente não teve que medir febre nem nada do tipo de medidas que depois passaram a acontecer. O nível de preocupação das pessoas já estava bem maior, já dava para notar no semblante das pessoas e aí é coisa de dias depois de nosso retorno tudo tomou a proporção que tomou, enfim foi muito premeditado um período que a gente viajou porque realmente se fossem dias depois que a gente tivesse ido, a situação seria completamente outra, do ponto de vista negativo.
Esse é o lançamento do seu primeiro single, embora você já cante há algum tempo e inclusive tem uma legião de fãs nas redes por conta da sua participação no The Voice Brasil, no cinema, por suas covers no YouTube. Por que “demorou” tanto pra lançar um material próprio?
Muita gente me pergunta né, porque esse essa demora toda, principalmente depois do programa que eu tive uma exposição muito grande e sem dúvida alguma foi o que mais me alavancou em quantidade de fãs, em pessoas que passaram a conhecer o Murilo e o que ele gosta e o que ele sonha. Mas acho que essa demora ela foi muito positiva porque não foi a demora pela demora, foi o processo de estudo não só de sonoridade, do que eu queria por meu trabalho musical, mas principalmente de entendimento da indústria, entendimento dos mecanismos, de como fazer uma carreira artística alavancar da melhor maneira possível. E eu tenho me debruçado muito nessa parte do negócio, de entender o negócio da música além da parte musical e sem dúvida alguma agora com o lançamento desses primeiros trabalhos eu estou muito mais confiante, muito mais seguro, tanto do ponto de vista artístico, das escolhas que eu tenho feito, de como eu tô reproduzindo aquilo que eu gosto de ouvir, aquilo que eu gosto de tocar, e do outro lado também a segurança de que eu estou fazendo isso com as pessoas certas do jeito certo. Desde burocracias até a parte de execução e estratégia mesmo. Então acho que essa demora ela foi muito positiva por isso, porque deu tempo de eu me inspirar após o programa, estudar tudo isso de mercado, estudar sonoridade, entender o que eu queria e agora com muito mais segurança e confiança para os meus primeiros lançamentos e espero fortemente que as pessoas abracem essa essa nossa proposta com o mesmo carinho que a gente coloca no trabalho.
A composição é própria ou teve parceiros? Ela foi feita especialmente pro filme ou já era uma música sua guardada antes da produção?
Pois é, então, “Vem Cá” é uma canção que faz parte do “Melhor Verão das Nossas Vidas”, um filme que eu gravei e interpretei o personagem Théo, par romântico de uma das protagonistas, interpretada pela Giulia Nassa. É uma canção que na verdade não é minha. Eu tive uma participação no arranjo do próprio filme. Então eu que arranjei a música, eu recebi a música é uma maneira muito diferente do que ela está no filme, que também é diferente da versão que a gente lançou agora em estúdio. Mas é uma canção composta pelo Áureo Gandur e pelo Gabrieu, dois compositores e produtores do Rio, especialmente pro filme, pensando na temática do filme e que quando eu recebi essa música pro personagem, pro Théo, eu super me identifiquei com a música, falei “cara, essa canção pode ser super o trabalho do Murilo”. É uma música que eu teria escrito se tivesse me baixado a inspiração. O tema faz sentido para mim, a forma como eu arranjei e a música fez com que eu me apropriasse muito dela. Até conversando com próprios compositores durante o filme, eles falaram “cara, você trouxe a música para o mundo seu, a gente realmente não imaginava ela nesse lugar, você conseguiu mostrar para a gente que ela pode estar nesse lugar”. E quando eu ouvi isso eu me senti muito mais confiante em trazer essa música para o meu trabalho e é isso, “Vem Cá” está no mundo aí para todo mundo curtir com a cara do trampo novo do Murilo Bispo.
A música fala sobre perceber quando a crush tá na sua. Ela foi inspirada em alguma situação que já rolou com você?
Na realidade acho que ela tá inspirada numa situação em que todo mundo vive de ter ali uma troca de olhares, uma troca de afetos, que tendem a dar em alguma coisa, né. E você fica estudando aquela pessoa, estudando se ela tá dando mole ou não. E aí ela te esnoba para fazer joguinho e você fala: “cara, será que é joguinho, será que ela tá me esnobando mesmo” e fica esse vai e vem, e chega o momento, você fala “cara, quer saber, vou virar pra ela e vou falar só me beija, vamo vamo fazer acontecer” e eu acho que é um pouco da ideia da música, uma situação que a maioria das pessoas com certeza já passou e acho que por isso, mais um motivo ter me apropriado tanto dela. Acho que é uma situação muito universal, que qualquer um que pegar essa música vai se colocar no lugar de quem está cantando ou de quem está recebendo essa mensagem.
Não dá pra falar da música sem lembrar do clima do filme… verão, paquera, coisa que hoje, por conta da realidade que o mundo tá vivendo, não tá rolando. Do que você mais sente falta da nossa antiga vida normal?
Pois é, uma pena a gente infelizmente estar passando por isso. Acho que está sendo uma jornada de muito aprendizado para todo mundo. Se existe um lado positivo disso tudo, sem dúvida alguma o lado positivo é essa dinâmica de aprender a viver um novo normal, mas acho que uma das propostas da música é justamente essa, trazer um pouco dessa energia que a gente sabe que está na gente, que a gente sabe que são os momentos proveitosos, são os momentos que a gente divide com as pessoas, que a gente está num lugar bacana, em contato com a natureza ou não, dividindo alegrias e momentos felizes. Então é justamente o que ela quer trazer nesse momento de inseguranças e incertezas que a gente está passando. E o que eu sinto mais falta sem dúvida alguma é de estar com os meus amigos. A gente tem um núcleo de amigos muito muito muito muito próximo e é muito especial estar com eles. Inclusive é uma felicidade grande ter muitos deles morando perto de mim aqui em São Paulo, então a gente está sempre muito bom na casa do outro e para falar da vida, desabafar, chorar, rir. Isso faz muita falta. Felizmente estou conseguindo encontrar minha família com alguma frequência. Mas do que eu sinto mais falta sem dúvida estar com meus amigos.
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