Como uma súplica pela discussão de temáticas sociais, “Miserere Nobis” teve seus primeiros contornos a partir do encontro entre Alysson e o poeta e amigo Anízio Vianna. A composição do novo single surgiu como uma catarse quando o artista leu o poema de Anízio pela primeira vez, durante os momentos de angústia vividos na pandemia. Essa troca resultou na faixa que chega hoje às plataformas, como um esquenta para a chegada de seu próximo EP, previsto para novembro.

“Assim que li o poema pela primeira vez, aquilo me impactou forte pois estava angustiado por estarmos todos passando pela mesma pandemia, mas somente as pessoas de maior poder aquisitivo tinham condições de trabalhar de casa e se proteger, enquanto a população pobre foi obrigada a se arriscar, muitos pagando com a própria vida, pela impossibilidade de parar o trabalho“. Na voz e interpretação do músico, a canção ganhou novas camadas para se tornar um conjunto de versos que refletem o seu tempo e ressaltam – de forma dura e irônica – as questões sociais que o atravessam também como um homem negro de famíla simples.
“Muito influenciado pela minha mãe e meu irmão mais velho, sempre questionei os porquês da vida, dos sins e dos nãos que nos são apresentados durante a caminhada”, explica o artista. Inspirado por obras como as de Gilberto Gil e Chico César, o novo single tem o viés crítico bem acentuado, mais explícito que nas faixas já lançadas até agora: “Borda do Tempo”, que traz reflexões sobre o tempo, e “São Jorge Ogum”, que aplaude a sua espiritualidade.
O processo musical que gerou a nova faixa partiu da combinação simples de voz e violão, mas com certeza da presença intrínseca da poesia de Anízio. “Depois que coloquei melodia e a harmonia do meu violão, mostrei ao Fejuca. Em um primeiro momento buscamos juntos as referências sonoras que me atravessam e novas influências com sonoridades mais modernas, para então criarmos o arranjo com essa mistura, mas sem perder a essência”, conta Alysson. Premiado no Grammy Latino, Júlio Fejuca já colaborou com nomes como Liniker, Emicida, Marcelo D2 e Luedji Luna, e agora se une ao trabalho do artista mineiro para assinar a produção do EP.