“Adolescência” é uma série que, desde o início, se impõe pela abordagem única e intensa. Ao longo de quatro episódios, filmados como uma sequência de uma única tomada, a série captura a desintegração emocional de uma família após uma acusação grave. O enredo gira em torno de Jamie (Owen Cooper), um garoto de 13 anos preso sob a acusação de assassinato, e sua família, particularmente seu pai, Eddie (Stephen Graham), que tenta entender o que aconteceu. A trama se desenrola de maneira não linear, dividida em quatro momentos: Dia 1, Dia 3, 7 meses e 13 meses após o incidente. Essa estrutura permite que a história seja explorada de diferentes ângulos, revelando nuances e complexidades que vão além do que parece um simples drama de tribunal.
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A técnica de filmagem em uma única tomada, já utilizada com grande sucesso por Philip Barantini em “Boiling Point”, é uma característica marcante da série. Essa abordagem oferece uma sensação de imersão, colocando o espectador dentro da narrativa, como se estivesse experimentando cada momento de forma quase visceral. A forma como a direção, a câmera e os atores trabalham em conjunto para criar uma experiência tão contínua e fluida é impressionante, tornando cada episódio algo mais próximo de um filme do que uma série convencional.
O roteiro de Jack Thorne e Stephen Graham se destaca pela profundidade emocional e pela maneira como aborda temas sensíveis. A questão da culpa, inocência e a desconfiança entre pai e filho são exploradas de forma muito cuidadosa, mantendo a tensão e o mistério até o último minuto. O conflito não é só sobre descobrir a verdade do crime, mas também sobre entender o impacto devastador dessa acusação na dinâmica familiar. A pressão da mídia e a crescente separação entre Eddie e Jamie tornam o enredo cada vez mais envolvente e angustiante, com um fechamento que é, de fato, devastador.
O elenco é outro ponto alto da série, especialmente a performance de Stephen Graham, que traz uma profundidade impressionante ao personagem de Eddie. Sua atuação é, sem dúvida, uma das mais marcantes de sua carreira, consolidando-o como um dos melhores atores da sua geração. Owen Cooper também merece destaque, com uma atuação que demonstra grande potencial. Sua habilidade de transitar de um comportamento ameaçador para momentos de vulnerabilidade é notável, especialmente no episódio 3, que é um dos mais impactantes da série.
A série também levanta discussões pertinentes sobre temas como masculinidade tóxica, com uma crítica implícita a figuras como Andrew Tate, que têm uma influência prejudicial sobre a juventude. Esse aspecto oferece uma visão crítica e relevante sobre os desafios enfrentados pelos jovens hoje, abordando questões de identidade e pressão social.
“Adolescência” é uma série que se revela mais complexa e impactante a cada episódio. A técnica de uma única tomada não é só um truque visual, mas uma ferramenta narrativa que potencializa a imersão e a intensidade emocional da história. A combinação de direção, roteiro e atuações cria uma experiência que deve ser vista como um todo, sem interrupções. A jornada emocional é profunda e, ao final, deixa uma marca duradoura, refletindo sobre os limites da verdade, a complexidade das relações familiares e as consequências de um único erro.
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