O quinto álbum de estúdio da dupla Anavitória, “Esquinas“, chega como uma surpresa bem-vinda para o final de 2024, reafirmando o crescimento artístico e a coragem criativa das cantoras Ana Caetano e Vitória Falcão. Lançado de forma independente pelo selo das próprias artistas, o disco apresenta um repertório composto por 12 faixas inéditas, que exploram novas dimensões sonoras e emocionais da dupla.
Uma das canções mais marcantes é “Não sinto nada”, que conta com a participação especial do cantor uruguaio Jorge Drexler. A colaboração internacional é um ponto alto, unindo o minimalismo sofisticado de Drexler à delicadeza característica do duo. A produção do álbum, assinada por Janluska e Pege, é um trabalho coletivo robusto, com coproduções de Gabriel Duarte, Iuri Rio Branco, e João Ferreira.
Na parte técnica, “Esquinas” é impecável. A mixagem ficou a cargo de Dani Mariano e Guigo Berger, enquanto Fili Filizolla realizou a masterização. O resultado é uma experiência sonora rica e envolvente, que valoriza tanto os arranjos intrincados quanto as emoções contidas nas letras.
Ao longo da carreira, Anavitória construiu uma identidade musical que, embora consistente, era frequentemente criticada por sua previsibilidade. O disco muda esse paradigma. O álbum é ousado, explora territórios inéditos e apresenta um amadurecimento nítido. A dupla demonstra uma compreensão mais profunda de sua própria narrativa, sem medo de desafiar o que se espera delas. As letras, predominantemente centradas em temas de amor e reflexão, ganham novas camadas de interpretação, tocando em questões universais com frescor.
Musicalmente, o álbum mostra um duo mais confiante e experimental. Há espaço para harmonias vocais impecáveis, arranjos mais complexos e um trabalho instrumental que evidencia o talento dos músicos envolvidos. Um dos aspectos mais fascinantes de “Esquinas” é como ele reflete o amadurecimento tanto das artistas quanto de seu público. Ao longo dos anos, Anavitória soube cultivar uma base de fãs leal, que agora está preparada para acompanhar o duo em incursões mais arriscadas.
O disco se resulta em um marco não apenas para Anavitória, mas para a música brasileira . Em um ano já repleto de lançamentos memoráveis, o álbum chega como uma das obras mais ousadas e relevantes de 2024, consolidando a dupla como uma das principais forças criativas do país.
Nota final: 85/100