Toda criança já viu o Bambi. E talvez por isso mesmo o cinema tenha decidido que era hora de chutar a inocência floresta afora. “Bambi: The Reckoning” entra nessa nova moda de reaproveitar personagens de domínio público para jogá-los num banho de sangue com gosto de Tubi. O resultado? Um filme que soa como piada, mas se leva absurdamente a sério em alguns momentos, e talvez por isso funcione mais do que deveria.
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A premissa já é um aceno para o absurdo: mãe e filho sofrem um acidente de carro e acabam perseguidos por uma criatura assassina com galhada reluzente. E não qualquer criatura. Bambi virou um monstro. Literalmente. Um cervo musculoso, gigantesco, furioso e aparentemente movido por puro rancor. Esqueça a vulnerabilidade dos olhões lacrimejantes. Aqui, ele quebra pescoços, rasga troncos e ainda sabe abrir portas de banheiro com o casco. A floresta, sempre tão cheia de vida, se torna um pesadelo de tons acinzentados que mais parece um filtro quebrado de Instagram.
O filme pertence ao chamado Twisted Childhood Universe, um guarda-chuva informal para essas reinterpretações grotescas de ícones infantis, como o “Poohniverse” de “Winnie the Pooh: Blood & Honey”. A diferença é que “Bambi: The Reckoning” tem um pouquinho mais de noção estética, mesmo que tudo seja envolto por uma fotografia escura a ponto de parecer preto e branco. Boa sorte tentando entender o que acontece nas cenas noturnas, porque a floresta engole tudo em sombra.
Mas nem tudo é ruído visual. A escolha por transformá-lo num creature feature ao invés de mais um slasher com máscaras genéricas é, no mínimo, inteligente. O design de Bambi aposta no impacto físico, com cenas de mutilação exageradas e efeitos especiais que fazem o possível com o orçamento que claramente foi mais simbólico do que concreto. A sequência em que coelhos atacam um personagem como se fossem saídos de um filme de Fulci, por exemplo, entrega tanto gore quanto humor involuntário.
E sim, existe até tentativa de drama familiar. Rasa, mas presente. O roteiro flerta com a dor da perda, com relações partidas, com traumas mal resolvidos. Nada vai muito longe, mas é o suficiente para tentar justificar o choro do Bambi sob a lua no final, como se aquilo fosse Shakespeare na floresta. É tão patético que funciona. Porque no fim, esse é um filme que entende o próprio jogo: divertido, idiota e funcional dentro da proposta de B-terror com cara de Tubi.
Quem espera qualquer tipo de coesão ou atuação memorável, talvez deva revisitar “Neverland Nightmare”, como alguns sugerem. Mas para quem já entendeu que essa leva de filmes de domínio público é puro exploitation oportunista com toques de nonsense, o longa entrega o que promete: sangue, absurdo e um cervo assassino que definitivamente não está de brincadeira.
“Bambi: The Reckoning”
Direção: Dan Allen
Elenco: Roxanne McKee, Nicola Wright, Tom Mulheron
Disponível em breve nos cinemas
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