“Beleza Fatal” marca um capítulo relevante na história recente da teledramaturgia brasileira. Primeira novela produzida exclusivamente para o streaming Max, a obra criada por Raphael Montes, com direção geral de Maria de Medicis, vai além do mero apelo digital: entrega uma narrativa sólida, personagens marcantes e resgata o potencial da novela como um produto pop, capaz de dominar conversas nas redes sociais e reocupar o espaço que o gênero vinha perdendo no mainstream.
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Com uma trama composta por 40 episódios, a novela aposta no clássico tema da vingança, mas o faz com uma roupagem atual e alinhada às ansiedades da era das aparências. Sofia (Camila Queiroz) é o fio condutor desse jogo de máscaras, assumindo uma nova identidade para desestabilizar a vida de Lola (Camila Pitanga), prima que arruinou sua infância e ascendeu socialmente à base de chantagens e ambição.
A produção acerta principalmente ao construir personagens complexos. Não há vilões unidimensionais ou mocinhos imaculados. Lola, vivida com intensidade por Pitanga, transita entre carisma e crueldade, enquanto Elvira (Giovanna Antonelli) rouba a cena ao dosar o humor trambiqueiro com a melancolia de quem carrega feridas antigas. O elenco, aliás, é um dos pontos altos: Camila Queiroz entrega uma protagonista fria, mas com fissuras humanas visíveis, e Marcelo Serrado, Caio Blat e Herson Capri oferecem a contrapartida masculina sem nunca eclipsar as figuras femininas, que são, declaradamente, o motor da narrativa.
Mesmo com uma estrutura enxuta para os padrões tradicionais (algo natural para o streaming) “Beleza Fatal” não economiza em reviravoltas, mortes inesperadas e diálogos afiados. A montagem dos primeiros capítulos é ágil e envolvente, garantindo que o público seja fisgado rapidamente. No entanto, há uma leve desaceleração no ritmo por volta da metade da temporada. Esse respiro não compromete o conjunto, mas evidencia que algumas subtramas poderiam ter sido condensadas ou resolvidas com mais objetividade.
Outro mérito do projeto é a estética: a direção de Maria de Medicis explora bem os cenários luxuosos e a atmosfera plástica da Lolaland, clínica comandada por Lola, criando um contraste visual eficaz com os ambientes mais simples da família Paixão. Essa escolha reforça a crítica à obsessão pela aparência e à superficialidade das relações, um dos temas centrais da obra.
A recepção do público foi inquestionável. Furando bolhas, viralizando trechos e movimentando discussões semanais, “Beleza Fatal” comprovou que existe espaço para novelas que saibam dialogar com o tempo presente sem abrir mão das emoções folhetinescas que sempre definiram o gênero. Em tempos de dispersão digital, poucas produções conseguiram gerar tamanho engajamento e manter sua força ao longo de toda a exibição.
“Beleza Fatal” não só entrega uma história bem escrita e um elenco afiado, como também reposiciona a novela como um produto de impacto cultural no ambiente do streaming. Um feito que o Brasil não via há tempos.
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