Às vezes, uma trama tenta equilibrar tantas ideias que acaba desmoronando sob seu próprio peso e “Pequena Sibéria” é um exemplo claro disso. A tentativa de combinar temas como espaço, religião, traição e crises existenciais poderia resultar em uma narrativa instigante, mas aqui, a execução deixa a desejar. A história se perde em suas próprias ambições, alternando entre tons de drama e comédia de forma pouco orgânica.
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O conceito inicial é curioso: um meteorito atinge um vilarejo finlandês e desencadeia uma série de eventos que testam a fé e a moralidade dos moradores. No entanto, a metáfora cósmica acaba sufocada por uma narrativa que parece mais preocupada em ser engenhosa do que coesa. A direção de Karukoski tem seus momentos de brilho, especialmente ao capturar a paisagem gélida e a atmosfera melancólica da Carélia do Norte, mas nem isso consegue compensar os tropeços do roteiro.
Joel, o pastor interpretado de forma competente, mas pouco memorável, enfrenta um dilema pessoal ao descobrir que sua esposa está grávida, mesmo sendo infértil. A carga emocional desse enredo poderia ter sido explorada com maior profundidade, mas acaba diluída em situações cômicas e reviravoltas previsíveis. A crítica à hipocrisia religiosa e à fragilidade da fé também parece tímida, como se o filme temesse incomodar demais.
Ainda assim, há méritos na produção. A cinematografia destaca a beleza brutal da região, e a trilha sonora, embora discreta, acompanha bem a atmosfera do longa. Mas o potencial para uma reflexão mais afiada e impactante sobre moralidade e crença se perde em meio a diálogos expositivos e uma conclusão que não faz jus ao drama construído.
“Pequena Sibéria” poderia ter sido uma comédia de humor afiado ou um drama emocionalmente devastador. Ao tentar ser ambos, acaba sendo nenhum. Para quem busca um entretenimento despretensioso, há momentos divertidos e um certo charme na ambientação. Mas para aqueles que esperam um mergulho mais profundo nas questões que propõe, o filme deixa um gosto amargo, e não no bom sentido.
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