Dirigido por Anne Fontaine, “Bolero: A Melodia Eterna” acompanha a criação de um dos maiores clássicos da música do século XX. Em 1928, Ida Rubinstein, renomada dançarina de balé, encomendou uma trilha sonora especial para seu espetáculo. Com um bloqueio criativo, Maurice Ravel revisita seu passado, enfrentando desafios profissionais, desilusões amorosas e dilemas pessoais. O longa oferece uma análise meticulosa da dualidade presente na obra e a relação profunda entre o compositor e sua criação.
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A construção sonora do filme é notável. Ao trazer a música como elemento narrativo e não apenas como trilha de fundo, Fontaine amplifica o envolvimento emocional. O trabalho meticuloso de sound design destaca os sons cotidianos que inspiram Ravel, desde os ruídos de uma fábrica até o tilintar de copos em um café parisiense. Essa abordagem ressalta a obsessão criativa do compositor e sua busca incessante por encontrar a melodia perfeita.
As atuações são outro ponto alto. Raphaël Personnaz entrega uma interpretação contida e introspectiva como Ravel, evidenciando as nuances emocionais e psicológicas do músico. Jeanne Balibar, no papel de Ida Rubinstein, equilibra carisma e ambição, representando a musa que impulsionou a criação de “Bolero”. A química entre os personagens adiciona camadas ao enredo, mostrando as tensões e cumplicidades que permeiam o processo artístico.
Fontaine também acerta ao retratar as complexidades da orientação sexual de Ravel e sua neurodivergência. Ao abordar sua assexualidade e comportamentos obsessivos, o filme humaniza o gênio por trás da obra-prima. Sem recorrer a dramatizações excessivas, a narrativa evidencia como essas particularidades influenciaram sua relação com a música e com as pessoas ao seu redor.
Visualmente, a direção de arte reconstrói a atmosfera da França dos anos 1920 com autenticidade. Figurinos, cenários e iluminação transportam o espectador para o contexto histórico, enquanto a fotografia alterna entre tons quentes e sombras melancólicas para refletir o estado emocional de Ravel.
A decisão de encerrar o filme com a execução de “Bolero” em diferentes interpretações culturais sublinha o impacto global da composição. Essa escolha reforça a ideia de que a música transcende o tempo e continua a ressoar na contemporaneidade.
“Bolero: A Melodia Eterna” não só celebra a genialidade de Ravel, mas também convida o público a refletir sobre os dilemas do processo criativo. Com uma abordagem respeitosa e detalhada, Fontaine entrega uma cinebiografia que valoriza a música como linguagem universal e atemporal.
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