“Caos e Destruição”, dirigido por Gareth Evans, propõe um mergulho sombrio no submundo criminal através da trajetória de um detetive desiludido, interpretado por Tom Hardy. Com uma premissa que mistura crime, corrupção e resgate, o filme tenta equilibrar brutalidade física com uma narrativa de conspiração, mas esbarra em problemas estruturais e de execução que limitam seu potencial dramático e estético.
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A direção de Gareth Evans reafirma sua habilidade inegável na condução de cenas de combate corpo a corpo. A câmera próxima, que permite à coreografia de luta respirar e transmitir uma sensação visceral de impacto, é um dos pontos altos do filme. Nessas sequências, Evans demonstra domínio do ritmo, criando confrontos que são ao mesmo tempo brutais e compreensíveis, em um estilo que resgata a autenticidade de seus trabalhos anteriores no cinema de ação.
Entretanto, fora do escopo das cenas de combate, “Caos e Destruição” encontra sérias dificuldades. As sequências de perseguição de carros, essenciais para compor a atmosfera de urgência, sofrem com o uso excessivo de computação gráfica mal integrada, prejudicando a imersão e expondo a artificialidade dos momentos de maior escala. A tentativa de criar uma ambientação urbana decadente, com ares de uma Gotham City alternativa, falha em naturalizar o cenário. O universo de “Caos e Destruição” parece forçado, fabricado em vez de vivido, o que enfraquece o impacto emocional da história.
No aspecto narrativo, a obra apresenta uma estrutura convencional e pouco inventiva. A jornada do protagonista, embora funcional para sustentar a ação, carece de complexidade dramática. Os personagens coadjuvantes, que poderiam aprofundar os dilemas morais do enredo, são reduzidos a arquétipos previsíveis. A construção de uma conspiração envolvendo políticos corruptos e criminosos vingativos nunca ultrapassa o lugar-comum, tornando a progressão da trama previsível e incapaz de surpreender.
O roteiro também sofre com o problema recorrente da “armadura de roteiro”, conferindo ao protagonista uma invulnerabilidade que compromete a tensão dramática. A sensação de perigo real se dissipa em momentos cruciais, diluindo o peso emocional das escolhas e das consequências enfrentadas pelos personagens.
Do ponto de vista técnico, o filme alterna entre momentos de grande competência visual e instantes de descuido. A fotografia escura e saturada funciona para acentuar o clima de opressão urbana, mas em alguns momentos torna-se excessiva, dificultando a leitura visual das cenas. A montagem, ágil durante os combates, perde eficiência nas cenas de perseguição e nos momentos de transição narrativa, resultando em um ritmo desigual.
Em termos de atuação, Tom Hardy entrega uma performance física sólida, mas limitada pela falta de profundidade do personagem que interpreta. Sua presença intensa e contida é suficiente para sustentar as cenas de ação, mas o roteiro não oferece material dramático suficiente para que ele explore suas nuances como ator.
“Caos e Destruição” é uma obra que revela uma clara divisão entre a competência do diretor em cenas de ação e suas dificuldades em estruturar um drama criminal de maior densidade. Gareth Evans permanece um nome relevante no gênero de ação, mas o filme como um todo não atinge a força dramática e narrativa que seu potencial inicial sugeria.
Ao final, “Caos e Destruição” se posiciona como um entretenimento violento e pontualmente eficaz, indicado para espectadores em busca de ação intensa e brutalidade estilizada, mas que pouco oferece em termos de inovação ou profundidade temática.
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