O filme “Delicious” chegou hoje no catalogo da Netflix trazendo uma premissa promissora: uma família alemã rica, aproveitando férias idílicas no sul da França, acolhe uma jovem após um acidente na estrada. No entanto, a boa ação esconde interesses particulares, e a convivência transforma-se em um jogo de manipulação e desejo, onde a verdadeira ameaça talvez não esteja apenas na chegada da misteriosa Teodora, mas também na própria hipocrisia dos anfitriões.
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O longa se propõe a ser uma crítica social embalada em suspense e drama, evocando comparações com “Parasita”. A ideia central, o embate de classes dentro de um microcosmo de privilégios poderia render um estudo psicológico complexo, mas o filme se perde justamente na execução. O roteiro, que inicia com uma construção atmosférica instigante, logo se rende a soluções previsíveis e conflitos que seguem um caminho óbvio demais, sem o requinte narrativo necessário para sustentar a tensão.
Fahri Yardim conduz seu papel com solidez, mas o elenco, no geral, entrega atuações que raramente ultrapassam o mediano. Os personagens, esboçados de maneira quase caricatural, deixam pouco espaço para nuances ou aprofundamento psicológico. Desde cedo, o espectador consegue antecipar os desdobramentos da trama, o que enfraquece o impacto das reviravoltas e reduz o potencial subversivo do filme.
Se há um ponto onde “Delicious” realmente se sobressai, é na estética. A cinematografia capta com precisão tanto a beleza ensolarada da Provença quanto a opressão crescente dentro da casa. Algumas composições visuais permanecem na memória, reforçadas por uma trilha sonora atmosférica que pontua bem a transformação do cenário paradisíaco em um ambiente sufocante. Contudo, o ritmo arrastado e a falta de intensidade dramática acabam minando essa construção, achatando a curva de tensão muito antes do desfecho.
O final, aparentemente concebido para ser um choque narrativo, se vê prejudicado pela previsibilidade da jornada. Em vez de um impacto real, o filme encerra com uma sensação de artificialidade, sem oferecer uma reflexão que ultrapasse a obviedade da crítica social. “Delicious” tinha todos os ingredientes para um suspense psicológico provocador, mas a falta de sutileza e um roteiro que subestima seu público acabam resultando em uma experiência frustrante. Quem espera um estudo instigante sobre dinâmicas de poder e hipocrisia burguesa encontrará um filme que, embora visualmente bem trabalhado, carece da mordacidade e da sofisticação que sua premissa sugere.
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