Entre labaredas e desespero, “Em Chamas” encontra seu próprio ritmo dentro do caos. Baseado em fatos reais, o filme de Nick Lyon mergulha na tragédia dos incêndios florestais com um olhar emocionalmente inflamado, sem medo de explorar o colapso humano diante da força incontrolável da natureza.

A trama acompanha a família Laughlin em meio ao terror de um incêndio devastador. Dave (Peter Facinelli), sua esposa grávida Sarah (Fiona Dourif) e o filho tentam escapar enquanto o fogo consome tudo ao redor. O que poderia ser apenas mais um drama de catástrofe se transforma em um retrato denso de sobrevivência, culpa e resistência, sustentado por atuações intensas e uma direção que aposta no ritmo crescente do pânico.
O longa inicia de forma discreta, quase doméstica, como se quisesse nos enganar com a calmaria antes da tempestade. A partir do momento em que as chamas invadem a tela, o espectador é arrastado por uma sucessão de cenas claustrofóbicas e decisões de vida ou morte. “Em Chamas” é menos sobre o fogo e mais sobre o que ele revela as rachaduras emocionais, os arrependimentos e o impulso instintivo de lutar, mesmo quando tudo parece perdido.
Fiona Dourif entrega uma performance visceral, conduzida pela dor e pelo medo. Há uma cena específica, em que sua personagem confessa uma culpa pessoal pelo destino do sogro, que resume a intensidade que o filme busca: não há heroísmo puro, só sobrevivência e exaustão. Peter Facinelli também se destaca, equilibrando desespero e determinação com uma naturalidade rara nesse tipo de produção.
Tecnicamente, “Em Chamas” impressiona por sua atmosfera. A fotografia seca, tingida de tons quentes e sufocantes, cria a sensação de que o ar queima junto com o cenário. O som do fogo é quase um personagem sempre presente, sempre ameaçador. Mesmo quando o roteiro escorrega em sentimentalismo, o visual segura a narrativa e impede que o filme desabe por completo.
Ainda assim, o longa sofre com o excesso de drama e algumas decisões narrativas óbvias. O discurso ambiental e moralizante, embora relevante, é conduzido de maneira didática demais, o que diminui o impacto emocional de certos momentos. Falta ao roteiro a coragem de ser mais contido, de deixar o silêncio e o medo falarem sozinhos.
Há ecos de “Inferno na Torre” e até de “O Impossível”, mas sem o mesmo refinamento. Nick Lyon parece mais interessado em transmitir urgência do que em desenvolver nuances. O resultado é um filme que funciona como experiência sensorial, mas se perde quando tenta ser mais do que isso. Ainda assim, é difícil sair ileso da jornada dos Laughlin e impossível ignorar a lembrança de que a tragédia retratada ali é mais real do que se gostaria.
“Em Chamas” é o tipo de drama que te faz sentir o calor, o medo e o cansaço de quem luta por sobrevivência. Pode ser melodramático, mas é humano, e em certos momentos, isso basta.
“Em Chamas”
Direção: Nick Lyon
Elenco: Lance Henriksen, Peter Facinelli, Ross McCall, Aaron Jay Rome, Asher Angel, Cole Springer, Fiona Dourif
Disponível em: Prime Video
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