O filme “Fé Para o Impossível” tenta narrar um drama real com uma abordagem emocionalmente carregada, mas se perde em uma construção cinematográfica frágil e limitada por seu próprio proselitismo. Dirigido por Ernani Nunes, o filme retrata a história da pastora Renee Murdoch, atacada brutalmente durante uma corrida e dada como desenganada pelos médicos, mas cuja recuperação é atribuída a uma corrente de oração organizada por sua família e comunidade religiosa.
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A premissa tem potencial para um drama hospitalar envolvente, mas a produção falha em construir um arco narrativo que dialogue com um público mais amplo. O roteiro se baseia em um modelo de redenção previsível, onde cada desafio é superado não por nuances dramáticas ou desenvolvimento de personagem, mas por soluções simplistas de oração e fé inquestionável. Esse viés não apenas empobrece a narrativa, como também reforça uma estrutura pouco complexa e linear.
Os protagonistas são interpretados por atores conhecidos, mas suas performances são prejudicadas por um roteiro que pouco os desafia. As interações são engessadas e os figurantes, em especial, comprometem a imersão, entregando atuações que oscilam entre a rigidez e o exagero. Além disso, a direção de arte e cinematografia carecem de identidade visual marcante, optando por uma estética genérica que não se diferencia de outros dramas religiosos contemporâneos.
Se a intenção era criar uma obra inspiradora, o resultado é um filme que prega para convertidos e se fecha à reflexão crítica. O tom propagandístico se sobrepõe à construção cinematográfica, tornando a experiência previsível e sem profundidade. “Fé Para o Impossível” poderia ter sido uma investigação mais sensível sobre a relação entre fé e medicina ou sobre a resiliência diante da adversidade, mas prefere seguir o caminho mais fácil, sem questionamentos e sem nuances.
O cinema brasileiro tem uma história rica e diversa, com filmes que desafiam, provocam e emocionam. “Fé Para o Impossível” se distancia disso ao apostar em um discurso fechado e autoafirmativo. Como produto de nicho, pode encontrar seu público entre fiéis, mas como experiência cinematográfica, carece de substância para deixar uma marca duradoura.
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