“Fight or Flight” parte de uma premissa básica, mas funcional: um voo internacional é invadido por assassinos que querem eliminar uma hacker em posse de informações sensíveis. Cabe ao ex-agente Lucas Reyes (Josh Hartnett), embarcado por circunstâncias suspeitas, proteger a passageira e neutralizar a ameaça. A ideia de transformar um avião num campo de batalha já foi usada várias vezes, mas aqui o mérito está na simplicidade com que a trama é conduzida e na entrega de Hartnett a um papel que parece ter sido moldado para ele.
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A comparação com Bullet Train é inevitável, especialmente por causa do ritmo alucinado, da ambientação confinada e dos personagens com passados misteriosos. Mas o diferencial aqui é que “Fight or Flight” evita o excesso de firulas visuais e de estilo gratuito, que tanto saturaram o filme de David Leitch. Em vez de saltar entre timelines ou tentar parecer mais inteligente do que realmente é, o longa investe numa narrativa linear, coesa e que se apoia fortemente no carisma e na motivação do protagonista.
Lucas Reyes tem uma razão concreta para lutar, e isso faz toda a diferença. O roteiro trabalha bem esse arco de redenção, construindo um personagem que carrega culpa, dor e certo cansaço, mas que não perdeu o senso de missão. Ao contrário do Ladybug de Brad Pitt, que parecia estar em cena por acidente, Reyes é centrado, letal e emocionalmente engajado.
Josh Hartnett surpreende. Em um papel que exige fisicalidade, timing dramático e, especialmente, controle do tom, ele entrega uma atuação firme, suada, intensa e bem medida, sem cair na caricatura. O filme não se apoia em grandes astros nem em efeitos milionários. Por isso mesmo, há espaço para que o ator brilhe em cada sequência. Seu desempenho é um lembrete de que talento não depende de orçamento e de que, em meio ao caos, uma presença forte no centro da narrativa pode manter tudo de pé.
Katee Sackhoff, Charithra Chandran e Julian Kostov também se destacam em papéis pontuais, embora o filme nunca perca de vista que o foco é Reyes e sua jornada emocional. A direção segura e o ritmo bem controlado contribuem para uma experiência que, mesmo sem reinventar o gênero, cumpre com folga o que se propõe: ação compacta, tensão crescente e personagens com objetivos claros.
Há uma leve frustração com o fato de que a “loucura” do filme fique mais contida nos dois primeiros atos, só explodindo de vez no final. O terceiro ato é explosivo e absurdamente divertido, o que levanta a pergunta: e se o filme tivesse ido nessa direção mais cedo? Mesmo assim, o resultado é satisfatório, e deixa uma porta aberta para que Hartnett continue explorando personagens como esse marcantes, quebrados e perigosos.
“Fight or Flight” não quer ser revolução. Quer ser precisão. E nesse sentido, acerta o alvo. É um bom exemplar de como boas escolhas de personagem, roteiro enxuto e um ator entregue ao papel ainda são capazes de sustentar um filme de ação, mesmo em tempos dominados por blockbusters ruidosos e desencontrados.
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